São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2000


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GUERRA FISCAL
José Aníbal, da Secretaria da Ciência e Tecnologia, vê estratégia de baianos como "delirante"
Secretário de SP diz que ação é patética

da Reportagem Local

"Isso é patético!", reagiu o secretário da Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, José Aníbal, ao saber que seu concorrente baiano costuma sobrevoar o céu paulista em busca de novas empresas.
"Trapalhada", "lamentável" e "coisa atrasada" foram outras expressões usadas pelo secretário tucano para qualificar a estratégia do secretário da Indústria e Comércio da Bahia, Benito Gama.
José Aníbal comparou os vôos de Benito Gama à cena do filme "Apocalipse Now", de Francis Ford Coppola, em que helicópteros metralham uma aldeia vietnamita localizada em uma praia. "Uma cena de dimensão dramática", disse.
Principal opositor das isenções fiscais concedidas pelos Estados para atrair empresas, o governador de São Paulo, Mário Covas, levou ao STF (Supremo Tribunal Federal) duas ações diretas de inconstitucionalidade contra o governo da Bahia e uma contra o Estado do Paraná.
José Aníbal argumenta que, além de usar o recurso da facilidade tributária, a Bahia adota métodos "delirantes".
O secretário contou a história de um empresário do setor de plásticos que foi assediado pelos baianos de "todas as formas". "Ofereciam até avião para que eles fossem lá", disse.
O secretário afirmou que estratégias como vôos de helicóptero estão fadadas ao fracasso.
"Daqui a pouco eles vão gastar mais com esses métodos do que vão ganhar com as empresas que levam", comparou.
O preço de uma passeio de helicóptero com duração de uma hora em São Paulo varia de R$ 800 a R$ 1.000.
A guerrilha baiana também é contestada por outros Estados.
O secretário da Indústria e Comércio do Paraná, Eduardo Francisco Sciarra, diz que tentar tirar empresas instaladas em outros Estados "não é um comportamento muito ético".
Sciarra defende que uma coisa é ser procurado por empresas que querem mudar de local, outra é tentar levá-las.
O Paraná, segundo conta, não usa métodos tão agressivos quanto os baianos. Em compensação, tenta se proteger.
Há dois anos, executivos da Atlas Elevadores procuraram o governador Jaime Lerner. Disseram que pretendiam fechar a fábrica de São Paulo e abrir em outro lugar. Durante 15 meses, eles conversaram em sigilo com a equipe de Lerner.
Para evitar espionagens, adotaram um nome de fantasia para a empresa. Até em reuniões, ela era chamada de Beta Sul. No final das negociações, os empresários viajavam de carro de São Paulo até Curitiba. Queriam evitar que seus nomes constassem das listas de embarque. "Medida de proteção", diz Sciarra. A Atlas fez um investimento de US$ 60 milhões em Londrina. (ANGÉLICA SANTA CRUZ)


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