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Roseana atribui descoberta de dinheiro a grampo
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A governadora do Maranhão,
Roseana Sarney (PFL), disse ontem a parlamentares de seu partido que um grampo telefônico teria sido usado para descobrir a
existência de dinheiro em espécie
-que ela diz ser cerca de R$ 1,3
milhão- na empresa Lunus Participações, de propriedade dela e
de seu marido, Jorge Murad.
Para Roseana, quem fez o grampo teria então avisado à Polícia
Federal para que fosse realizada
uma batida num dia específico na
sede da Lunus, o que acabou
acontecendo na sexta-feira passada. A governadora não deu informações objetivas a respeito do suposto grampo.
Watergate brasileiro
Quem tem afirmado a vários interlocutores sobre uma possível
espionagem no Maranhão é o pai
de Roseana, o senador e ex-presidente da República, José Sarney
(PMDB-AP).
Sarney afirma que estiveram recentemente no Maranhão agentes
da Abin (Agência Brasileira de Inteligência, o serviço secreto federal coordenado pelo Palácio do
Planalto).
O ex-presidente da República
teria, segundo relato de interlocutores, nomes de alguns desses
agentes. Ele chega a comparar o
episódio com o caso Watergate,
que em 1974 resultou na renúncia
de Richard Nixon do cargo de
presidente dos EUA -nesse episódio, houve espionagem na sede
do Partido Democrata no edifício
Watergate e Nixon (Republicano)
tinha conhecimento da operação.
Há duas semanas, Sarney e o senador Edison Lobão (PFL-MA)
tiveram uma reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso para reclamar da suposta presença de agentes da Abin.
FHC negou e chamou ao encontro o general Alberto Cardoso
(Segurança Institucional), que
também afirmou ser improcedente a informação. Segundo Roseana, esses agentes continuam
em ação no Maranhão.
Na explicação que Roseana deu
a respeito do dinheiro encontrado
na Lunus, segundo parlamentares
que ontem ouviram a governadora, fica subentendido que ela atribui à Abin a escuta clandestina de
telefones na empresa.
A governadora tentou demonstrar tranquilidade a respeito dos
documentos e do dinheiro
apreendidos na Lunus. Sobre o
dinheiro, repetiu em suas várias
reuniões com pefelistas durante o
dia que " não é crime" ter dinheiro em espécie numa empresa. E
que a batida da PF para fazer a
apreensão possivelmente queria
constrangê-la com esse fato.
Roseana disse que apresentará
documentos que comprovarão a
origem do cerca de R$ 1,3 milhão
encontrado na Lunus. Nenhum
parlamentar ouvido pela Folha,
no entanto, soube precisar quais
seriam esses papéis e quando exatamente seriam divulgados.
Ela também prometeu levar esses papéis ao procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro, à
presidente do Coaf, Adrienne
Senna, e ao superintendente da
PF, Agílio Monteiro.
Até o momento, a explicação
para o dinheiro tem sido que a
Lunus é uma empresa do ramo
imobiliário e costuma receber pagamentos em espécie.
Como a Lunus estaria para fazer
grande compra de material de
construção para iniciar as obras
de um condomínio com 60 chalés
em Barreirinhas, na região conhecida como Lençóis Maranhenses,
teria preferido acumular caixa
-Roseana usa a expressão "capital de giro"- em vez de fazer um
depósito bancário.
Além disso, também seria costume a empresa fazer o pagamento de operários em dinheiro.
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