São Paulo, quarta-feira, 06 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estatal do Paraná aplicou na Sudam

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Mais da metade do valor que a Copel (Companhia Paranaense de Energia), a mais rica estatal do governo pefelista do Paraná, investiu em projetos com financiamento da antiga Sudam foi destinado ao empreendimento Nova Holanda. São R$ 24,9 milhões aplicados.
O projeto de plantação de soja e arroz, que fica em Balsas (MA), está sendo investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de desvios. Ele foi associado ao marido da governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA), Jorge Murad, porque ele foi dono de sua controladora -a empresa Agrima. Murad nega ter envolvimento com o projeto.
Ao todo, em empreendimentos na região Norte com financiamentos da antiga Sudam, a Copel investiu R$ 47 milhões entre 1996 e 2000. Os investimentos se referem a direcionamento de créditos que originalmente deveriam ser pagos em tributos à União.
O restante do montante investido pela Copel foi para a usina de Lageado (R$ 20 milhões) e projeto Tenusa (R$ 2,1 milhões).
A energética divulgou nota ontem em que explica os investimentos e nega irregularidades nas aplicações no projeto Nova Holanda. A companhia é presidida por Ingo Hübert, também secretário da Fazenda do governo Jaime Lerner (PFL).
""Os investimentos feitos pela Copel em projetos contemplados pela Lei de Incentivos Fiscais do governo federal nada tiveram de irregular, tendo a empresa seguido todas as disposições e regulamentações aplicáveis", diz a nota, lembrando que a Sudam fiscalizou o investimento.
Já os investidores privados paranaenses no projeto dizem que o Nova Holanda representa a aposta em uma nova fronteira agrícola, em pleno cerrado brasileiro.
Os investimentos cessaram em 2001, quando a Justiça começou a investigar suspeitas de fraude e favorecimento em liberações de verbas da Sudam. Antes de ser extinta, a Sudam liberou R$ 32 milhões à Nova Holanda -segundo a empresa, apenas R$ 20 milhões foram efetivamente aplicados.
Há oito paranaenses, entre agricultores e empresas, envolvidos no projeto.
Uma parte é de agricultores e pecuaristas cooperados da Batavo, que expandiram negócios para o Norte e Nordeste. Vem daí o nome do projeto: a cooperativa é formada, na maioria, por famílias descendentes de holandeses, que se instalaram na área leiteira de Carambeí, região de Castro, sul do Paraná.
Em nota oficial ontem, os controladores afirmam estar chateados com o envolvimento da empresa em suspeitas de irregularidades e as negam. (MARI TORTATO)


Texto Anterior: Empresa diz que Murad deixou Agrima em 94
Próximo Texto: Governadora agiu como leiga, diz Marco Aurélio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.