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NO AR
Comprar briga
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Aira divina com que Roseana Sarney foi retratada
na Globo, anteontem, prosseguia ontem. Mas Roseana já dividia lugar com a relutância
costumeira do PFL. Ouvido na
rede, a certa altura:
- Os ministros do partido podem até sair, mas...
Saem dos ministérios, antes do
previsto, mas mantêm os outros
cargos. Saem dos ministérios,
mas seguem votando com o governo. Ou não.
O PFL rachou, com governistas como Roberto Brant dizendo
que a legenda seguiria votando
com FHC. Com Jorge Bornhausen dizendo que, para decidir se
deixa a base, o partido deverá
ouvir todos os parlamentares
-aqueles que detêm cargos de
segundo escalão para baixo.
Na ponta oposta, ACM ressurgiu para ofender FHC e se postar ao lado do peemedebista José Sarney na exigência de que o
PFL deixe o governo. Com eles,
um também redivivo Inocêncio
Oliveira barrou as votações.
Um PFL rachado como nunca
se viu. Parecido com o PMDB.
Nem o Jornal Nacional tem
como se furtar à marcha de cobertura de um escândalo.
O telejornal cobriu longamente a investigação de Roseana e
Jorge Murad. E deu um verdadeiro discurso do procurador
Pedro Taques. Trechos:
- Nós, do Ministério Público
Federal, não temos culpa se
muitos daqueles investigados figuram em cédulas eleitorais...
Os juízes são juízes dignos, honestos, juízes corajosos, que estão simplesmente cumprindo a
leir, doa a quem doer.
E assim foi para o espaço, ao
menos no JN, a acusação de operação armada. Resta o vazamento para a mídia, para Roseana se agarrar no ataque ao
governo. Mas é pouco.
Olhando de longe o estrago no
PFL, José Serra estreou comerciais e abriu caminho para o
programa que inicia hoje a
massificação de seu nome.
Na mais chamativa das inserções, o ator global Raul Cortez
disse que Serra faz o "impossível" virar "possível":
- Impossível. José Serra já
provou que essa palavra não
existe. Ele comprou uma briga
contra os grandes laboratórios
de remédios e ganhou. Comprou uma briga com a indústria
de cigarros e também ganhou.
Foi eficiente. Mas deixou uma
mensagem subliminar, talvez
uma confirmação, de que Serra
só faz comprar briga.
Nem Roseana nem Serra.
Quem deu um salto em sua
campanha, ontem no JN e nos
demais, foi Geraldo Alckmin,
que apareceu para colher votos
após a batalha contra o PCC.
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