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ELEIÇÃO NO ESCURO
Norma do TSE favoreceria siglas sem candidato à Presidência
Partidos ficam mais livres para fazer alianças regionais
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) transformou em norma a
vinculação das coligações estaduais às da disputa presidencial e
aprovou um texto que dá margem
a que os partidos sem candidato
ao Planalto fiquem livres para formar alianças nos Estados, na opinião de advogados que atuam na
área eleitoral.
Após um exame preliminar do
parágrafo que trata dessa nova regra, três advogados disseram que
a redação adotada pelo TSE assegura a ampla liberdade de aliança
por parte de partidos que não lançarem candidato próprio a presidente nem se unirem a outras legendas nessa disputa.
Se essa interpretação prevalecer
entre os ministros do TSE, o
PMDB poderá evitar o apoio formal à candidatura de José Serra
(PSDB) e à de Roseana Sarney
(PFL) à Presidência para formar
as suas alianças nos Estados.
Todos os partidos que não têm
candidato próprio serão, na prática, incentivados a não formalizar
apoio a quem disputar a Presidência da República.
Situação privilegiada
Em princípio, esses partidos
irão dispor de uma situação privilegiada em relação às possibilidades de articulação política. O
PMDB, por exemplo, poderá se
aliar ao PSDB em um Estado; em
outro, ao PFL; e em um terceiro,
ao PT, PPS ou PSB.
O TSE aprovou a vinculação no
último dia 26, por cinco votos
contra dois. A decisão foi tomada
em resposta a uma consulta do
PDT e desencadeou uma reação
intensa dos partidos, gerando
suspeita sobre casuísmo eleitoral
por causa da modificação de regras em pleno processo eleitoral.
Há especulações de que a mudança beneficiaria a pré-candidatura de José Serra.
"Coligações-camarão"
O fato de o TSE não ter deixado
claramente expressa essa ampla
liberdade de ação dos partidos
que ficarem fora da disputa presidencial deverá preservar o clima
de incerteza no meio político.
O ambiente de insegurança foi
agravado pela divergência pública
entre dois ministros sobre as chamadas "coligações-camarão",
sem cabeça, ou seja, sem candidato a presidente.
A liberação das coligações-camarão também é polêmica ao
comprometer um dos argumentos de ministros favoráveis à vinculação: o fortalecimento do caráter nacional dos partidos, com a
imposição de um perfil único da
legenda no país.
Na deliberação do tribunal na
noite de ontem, foram aprovadas
12 resoluções que dispõem sobre
as normas das próximas eleições,
entre as quais a que trata da escolha e do registro de candidatura.
Nessa resolução, foi incluído o
seguinte parágrafo: "Os partidos
políticos que lançarem, isoladamente ou em coligação, candidato à eleição de presidente da República não poderão formar coligações para eleição de governador de Estado ou do Distrito Federal, senador, deputado e deputado estadual ou distrital com
partido político que tenha, isoladamente ou em aliança diversa,
lançado candidato/a à eleição presidencial".
Isso significa que o TSE deixou
expressa somente a proibição de
aliança nos Estados entre partidos
que tenham diferentes candidatos
à Presidência.
Por exemplo, o PSDB e o PFL
certamente não poderão ser aliados nas disputas para governos
estaduais, Senado e Câmara dos
Deputados se Serra e Roseana
concorrerem ao Planalto.
Alianças informais
Nas resoluções do TSE também
não há nada disposto sobre as
alianças informais. Em princípio,
o candidato a senador que subir
no palanque ou obter qualquer tipo de apoio explícito do governador de partido ao qual não possa
se coligar poderá enfrentar problemas com a justiça eleitoral.
O TSE também detalhou ontem, por meio das resoluções, as
normas sobre propaganda eleitoral, prestação de contas de campanha e rito de processos na Justiça Eleitoral, entre outras.
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