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CAMPO MINADO
Sem-terra depredam vidraças de prédio de instituto em Cuiabá; em Goiânia, mulheres lideram invasão
MST invade prédios do Incra em 2 Estados
Carlos Costa/"Diário da Manhã"
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Sem-terra, a maioria mulheres, dançam no prédio do Incra de Goiânia, que foi invadido ontem por cerca de 300 integrantes do MST |
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AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) retomou as invasões a prédios do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). As invasões ocorreram em Cuiabá e
Goiânia. Os sem-terra reclamam
da demora na desapropriação de
terras no governo de Luiz Inácio
Lula da Silva em Mato Grosso e da
indicação do superintendente do
Incra em Goiás.
Na invasão em Cuiabá, anteontem, as vidraças das portas de entrada do prédio foram quebradas.
A Polícia Militar precisou ser chamada para conter um confronto
entre militantes do MST e do grupo dissidente MTA (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Assentados e Acampados), que se manifestou contra a invasão.
Em Goiânia, cerca de 300 integrantes do MST, a maioria mulheres, invadiram ontem a sede
do Incra.
O superintendente-adjunto do
Incra em Mato Grosso, Juari Catarino Arantes, disse que 300 sem-terra estão no prédio. Segundo o
MST, são 500 os invasores. Do lado de fora, o grupo rival do MTA
mantém 250 pessoas em barracas.
"O Incra mente demais e não
encaminha nossos processos de
desapropriação", disse o coordenador estadual do MST, Altamiro
Stochero, 38. Os líderes do MST
esperavam para o dia 27 passado
a resposta sobre as desapropriações de oito fazendas e dizem que
o MTA é beneficiado por um esquema de "corretagem de terras".
"Existe um conluio de funcionários do Incra com corretores e
fazendeiros para desapropriar
áreas que não servem para a reforma agrária", afirmou Stochero.
Arantes disse que investiga se há
o esquema relatado pelo MST.
O coordenador estadual do
MTA, José de Oliveira, 48, afirmou que a entidade criada há um
ano e dois meses, a partir de dissidência com o MST, conseguiu em
Brasília no mês passado a desapropriação de 21 mil hectares. Ele
nega benefício num suposto esquema de corretores de fazenda.
Como Incra atendeu à reivindicação do MTA, o grupo, que já havia invadido duas vezes o prédio,
era contra uma nova invasão.
As mulheres que lideraram a invasão da sede do Incra em Goiânia reivindicam maior agilidade
no acompanhamento dos processos de desocupação de terras, paralisados desde a reformulação na
estrutura do órgão, há 60 dias, e
questionam a indicação do novo
superintendente regional do Incra em Goiás. O MST diverge de
pontos no direcionamento da política agrária federal em Goiás.
A nomeação do advogado Ailtamar Carlos da Silva, ligado à Fetaeg (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de
Goiás), para a superintendência
do órgão desagradou aos sem-terra. "Um dos critérios para a escolha [do superintendente] é o consenso dos movimentos sociais. O
PT-GO indicou um nome [Silva]
e não chamou o MST para conversar", disse Elizângela Moura,
da direção estadual do MST.
A invasão essencialmente feminina faz parte ainda da programação do MST para o Dia da Mulher.
"Estamos organizando estudos e
debates para serem feitos ao longo desta semana. Para nós, é um
calendário de luta, o dia 8 de março não é uma mera data comemorativa", declarou Elizângela.
Segundo o superintendente regional do Incra em exercício, José
Saulo Derze Craveiro, a orientação do órgão é evitar confronto
com as sem-terra. O presidente
estadual do PT, deputado federal
Rubens Otoni, negou divergências entre o partido e os sem-terra.
(HUDSON CORRÊA e ADRIANA CHAVES)
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