UOL

São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça determina que sem-terra desocupem fazenda em São Paulo

ALESSANDRA KORMANN
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Justiça expediu ontem o mandado judicial para a reintegração de posse da fazenda Santa Isabel, em Alambari (SP), invadida por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no sábado. Segundo a coordenação estadual do MST, há aproximadamente mil pessoas no local. A polícia fala em 400.
A liminar determinando a desocupação imediata havia sido concedida na segunda-feira, pelo juiz Ronnie Herbert Barros Soares, de Itapetininga (SP).
Ele foi localizado pelo advogado dos proprietários, Vinícius Camargo Silva, depois que o juiz de plantão em Sorocaba, responsável pela área, se recusou a analisar a questão por não se tratar de "matéria de plantão".
Para que se cumpra a decisão liminar é necessário a expedição do mandado e a organização de uma operação policial, no caso de haver resistência.
Ontem, dois carros da Polícia Militar e um da Polícia Civil foram até a fazenda com os dois oficiais de Justiça, para que eles entregassem aos sem-terra a notificação da determinação judicial.
Segundo o delegado Valter Donizeti Aires, eles foram notificados e a situação estava tranquila no local. A coordenadora do acampamento, Maria Rodrigues, afirmou que os sem-terra ainda não resolveram se vão deixar a fazenda. Caso saiam, devem invadir outra propriedade na região.
Maria e outras lideranças do MST participaram ontem de uma reunião com representantes do Incra em São Paulo. A assessoria informou que o órgão vai enviar técnicos hoje a Alambari para intermediar a desocupação, para que ela seja feita pacificamente.
Só após a posse do novo superintendente, Raimundo Pires Silva, que deve ocorrer até segunda, será resolvido se haverá a vistoria da fazenda Santa Isabel ou de outras naquela área para fins de desapropriação. Segundo o MST, há muitos latifúndios improdutivos na região, e a Santa Isabel seria um deles. De acordo com o advogado dos proprietários, nos 300 alqueires da fazenda há plantações e 450 cabeças de gado.

Santa Catarina
A assessoria de imprensa da Comfloresta, que teve uma fazenda invadida pelo MST em Araquari (186 km de Florianópolis) também no sábado passado, informou que a empresa está reunindo documentos para ingressar na Justiça com o pedido de reintegração de posse, o que poderia ocorrer até amanhã.
Uma parte da propriedade foi invadida por cerca de 400 sem-terra -estimativa da PM.
Segundo representantes da Comfloresta -que atua na produção de madeira por meio de reflorestamento-, trata-se de um "equívoco o MST achar que a área é improdutiva". A informação é que a fazenda não está sendo usada para o plantio de pinos porque passa por um período de "descanso", para a recuperação do solo, que dura em média dois anos.


Texto Anterior: Aliados do MST chefiam instituto
Próximo Texto: MST "ultrapassou limite democrático", diz governo em nota
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.