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JUDICIÁRIO
Novo presidente do tribunal, Vidigal sai em defesa do governo petista
OAB usa posse no STJ para atacar Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante de Luiz Inácio Lula da
Silva, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
Roberto Busato, atacou e cobrou
ontem resultados do governo durante a posse do novo presidente
do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Edson Vidigal.
Referindo-se à política econômica, disse: "A exemplo de toda a
nação, entendemos que é preciso
mais ousadia e determinação no
encaminhamento das mudanças.
Não cremos que a ortodoxia em
curso nos levará às transformações pretendidas pela sociedade".
Lula não discursou, mas foi defendido por Vidigal, que disse que
o homem público só está isento
de críticas quando não faz nada.
O ministro citou William Shakespeare e a frase "se não queres
ser vítima da calúnia, não digas
nada, não faças nada, sejas absolutamente nada". E acrescentou:
"Esse é, presidente, o risco que se
corre na vida pública quando se
quer fazer as coisas bem feitas,
bem longe da mediocridade."
Para Busato, Lula foi vitorioso
nas eleições porque a população
brasileira queria mudanças, mas
elas não estariam ocorrendo por
causa de interesses contrariados
de "segmentos reacionários".
Vidigal substituiu Nilson Naves
na presidência do STJ. Salvio de
Figueiredo tornou-se o vice. Os
presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), e oito
governadores estavam presentes.
Essa não é a primeira vez que
um presidente da República comparece a uma posse de tribunal,
que se transforma em ato de protesto contra o governo. O próprio
Lula, na posse do presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
Maurício Corrêa, em junho de
2003, ouviu calado o ministro
conclamar mobilização dos juízes
contra a reforma da Previdência.
Em 2001, Fernando Henrique
Cardoso assistiu a duro discurso
do ex-presidente da OAB Rubens
Approbato, que criticou o abuso
na edição de medidas provisórias,
na posse de Marco Aurélio de Mello na presidência do STF. Ciente
desse risco, Vidigal comprometeu-se a sair em defesa de Lula caso viessem críticas da OAB.
O novo presidente do STJ também defendeu o papel "conciliador" do Poder Judiciário e criticou a morosidade da Justiça.
Minutos após a posse de Vidigal, Corrêa protestou contra o
tom conciliador do discurso do
colega. "Harmonização e convivência pacífica sempre foram o
nosso propósito. Falar nisso neste
momento é muito fácil. Eu queria
ver [ele] falar isso na hora em que
o governo queria dizer que não
havia integralidade nem paridade
[da aposentadoria] para ninguém", disse o ministro a presidentes de tribunais de justiça.
Corrêa referia-se à sua própria
posse, quando Lula o viu conclamar mobilização dos juízes para
impedir a perda do direito à aposentadoria integral e à paridade
de reajuste entre ativos e inativos.
"Agora é fácil dizer "vamos harmonizar, é preciso harmonizar".
Por quê? Porque já limpamos o
caminho para que possam passar." Na época da posse de Corrêa, os juízes desistiram de greve
após acordo que preservou a aposentadoria integral e a paridade.
Em 9 de maio, o ministro será
substituído por Nelson Jobim na
presidência do STF, porque completará 70 anos e se aposentará.
(SILVANA DE FREITAS E IURI DANTAS)
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