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``Muito peão vai
virar patrão''
do enviado especial
O produtor gaúcho Inácio Webler, 52, está preocupado. Em
1983, ele tinha 84 hectares em Toledo, no Paraná. Hoje, possui 7,4
mil hectares e é o segundo maior
produtor de soja de Sapezal. Fatura US$ 3 milhões por ano.
A preocupação de Webler é com
os filhos. ``Dos quatro (dois homens e duas mulheres), três vão
voltar a ser empregados'', diz, relembrando sua própria trajetória.
É que apenas uma filha trabalha
com ele na fazenda. ``É meu braço
direito''. A outra foi ser professora.
Os dois filhos, para sua decepção,
viraram caminhoneiros.
``Para ter sucesso aqui, precisa
ficar na terra, trabalhar na terra.
Ser colono. Mas, para meus filhos,
eu acho que isso é uma humilhação'', lamenta-se.
Sua história sempre foi ligada à
terra. ``Comecei roçando mato
para os outros''. Economizou e
conseguiu comprar 12 hectares.
Plantava trigo, soja e criava porcos. O que ganhava, investia em
terras.
Em 1981, aceitou o convite de um
corretor para visitar o Mato Grosso. Não tinha intenção de comprar
nada. Só topou ir porque nunca tinha viajado de avião e morria de
vontade de voar.
Gostou do chapadão e acabou
comprando 3 mil hectares por US$
23,00 por hectare. Hoje, cada hectare já produzindo não sai por menos de US$ 1 mil.
``Deixei o Paraná por ambição'',
afirma Webler. Esse é um sentimento que, hoje, ele identifica
mais em estranhos no que nos filhos. ``Tem muito peão aí que vai
virar patrão. É só uma questão de
tempo''.
(JRT)
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