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SUCESSÃO ESTADUAL
Adversários ferrenhos do governador Cameli agora dividem palanque para distribuir presentes
Campanha no Acre vira "salada política"
LUCIO VAZ
enviado especial ao Acre
As eleições
deste ano uniram adversários
políticos antes
inconciliáveis e
criaram uma
"salada política" no Acre do
governador Orleir Cameli (PFL).
"Cameli é o sátrapa (poderoso,
dominador, déspota) amazonense
clássico. Transgride leis, ignora licitações, deposita dinheiro público em sua conta pessoal, negocia
com empresa colombiana suspeita
de envolvimento com o narcotráfico, trabalha com caixa dois".
A declaração não é de nenhum
petista ou tucano em palanque de
oposição.
Pode ser encontrado nos anais
do Senado Federal. Foi feita pelo
senador Nabor Junior
(PMDB-AC), no dia 31 de outubro
de 1995. Hoje, Nabor participa das
entregas do programa "O Pão
Nosso" e é elogiado por Cameli.
O programa distribui produtos
para populações carentes no Acre.
Nos eventos em que comparece,
Cameli pede votos para sua reeleição ao governo do Estado.
No dia 24 de outubro de 1995,
em aparte no Senado, o senador
Flaviano Melo (PMDB-AC) avisou: "Estamos tentando audiência
com o ministro Nelson Jobim (então ocupante da pasta da Justiça)
para apresentar formalmente o
pedido de intervenção (no Acre).
Com certeza, o presidente da República pedirá autorização ao
Congresso para decretar a intervenção".
No comício realizado em Sena
Madureira (150 km de Rio Branco)
no dia 15 de março deste ano, Cameli fez um pedido aos eleitores:
"Precisamos eleger Flaviano Melo
senador da República". Flaviano
estava no palanque e participou da
entrega de equipamentos.
O PFL de Cameli e o PMDB de
Flaviano estão com uma coligação
praticamente fechada para as eleições deste ano. O governador acha
tudo isso natural.
"Eu, como não entendo de política, não entendo essas coisas.
Mas, como a música é essa, eu tenho De dançar. Aqui tem uma história que diz: a política do Acre
muda igual às nuvens. Todo mundo faz aliança com todo mundo",
disse.
Cameli diz que o fato de estar se
unindo a velhos inimigos é apenas
uma prática que evita a divisão de
poder. "Nós não podemos ficar
feito cachorro, querendo dividir
pedaços. Aqui no Acre, de primeiro, eram o PMDB e o PDS. Eram
duas onças disputando um pedaço
de carne. Uma estava no poder e a
outra estava rosnando e perseguindo as pessoas", disse.
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