São Paulo, domingo, 06 de maio de 2001

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Ex-funcionário nega participação

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Gassen Mahfouz, 32, já foi dono de uma construtora, fazendo serviços de terraplenagem que envolviam alguns milhões de reais e também dono de uma empresa de confecções. Embora tivesse sido dono dessas empresas, nunca viu a cor do dinheiro, a não ser o salário que recebia na empresa de Osmar Borges, a Pyramid.
Na realidade, ele nunca teve nada disso. A única coisa da qual é dono é de um mercadinho de um cômodo de aproximadamente 20 metros quadrados no bairro Jardim Novo Horizonte, na periferia de Cuiabá, o "Mercadinho São Paulo", com o qual sustenta a sua família. Antes, trabalhou como costureiro na própria casa.

"Laranja"
Mahfouz é considerado pela Polícia Federal um dos "laranjas" de Borges. Está indiciado e pode pegar até 18 anos de prisão. Os crimes: formação de quadrilha, falsidade ideológica e co-autoria no desvio de dinheiro público.
Mahfouz não quer mais falar sobre o caso. "Já estou indiciado, não quero me complicar mais", disse. Outros contatos se seguiram, mas ele não falou.
O ex-funcionário de Borges disse apenas que está tentando conseguir um advogado. "Está difícil. Não tenho dinheiro para pagar. Estou fazendo contato com um, vamos ver se dá", afirmou.
Ele prestou depoimentos à Polícia Federal e à Procuradoria da República sem estar acompanhado de um advogado. O procurador José Pedro Taques disse que Mahfouz é "um pobre coitado que foi usado por Borges".
A Construtora Metropolitana, da qual ele aparecia como sócio, era uma fonte de fornecimento de notas fiscais frias ou superfaturadas para as empresas de Borges, utilizadas para justificar na Sudam gastos com os recursos públicos financiados, segundo acusa o Ministério Público Federal.

Costureiro
Na SG Confecções, ele também era o sócio legal, mas não participava de nada da administração- apenas costurava e coordenava os demais costureiros. A promotora Ana Cristina Bardusco Silva disse que a empresa visava burlar o fisco estadual e que Mahfouz, como outros "laranjas", foram usados. Nenhum deles foi denunciado.
Em depoimento na Delegacia de Polícia Fazendária, no dia 26 de fevereiro de 1996, Mahfouz confirmou que foi sócio "só no papel" da SG e que nunca lucrou nada com isso. (PP)


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