São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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Partidos julgam que Congresso vetará investigação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

São pequenas as chances de instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar cobrança de propina no processo de privatização envolvendo o empresário Ricardo Sérgio. O PFL não mostra disposição, neste momento, de apoiar a criação da CPI sugerida pelo PT.
O líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), admitiu ontem que pode não haver vontade política dos congressistas em abrir investigação. "Não vamos insistir numa coisa inviável. Se não houver clima, não vamos nem apresentar o pedido [de CPI". A sociedade é quem vai julgar", afirmou.
"Eu sou cético. Não sei se o Congresso terá disposição para investigar. Além disso, essa é uma investigação longa, que certamente coincidiria com a campanha", afirmou o senador José Eduardo Dutra (PT-SE).
João Paulo disse que a partir de hoje começará a negociar a criação da CPI com líderes da oposição e depois vai atrás do PFL, do PPB e de setores do PMDB.
A abertura de CPI será discutida em reunião do colégio de vice-líderes do PFL na Câmara, amanhã, e na Executiva Nacional do partido, na quinta-feira.

Investigações
O secretário-geral do PFL, deputado José Carlos Aleluia (BA), e o primeiro-vice líder na Câmara, Pauderney Avelino (AM), afirmaram que o partido tem de agir com "cautela". "A CPI não é a primeira opção", disse Pauderney. Ele sugeriu que os envolvidos sejam primeiro ouvidos na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara ou do Senado.
O deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) também defende uma apuração preliminar nas comissões de Fiscalização. "Pensar em CPI só depois de ouvir o Benjamin Steinbruch."

Consequências
Para os pefelistas, em um ano eleitoral, a CPI beneficiaria apenas a oposição. "A CPI é uma grande arma eleitoral e favorece a oposição", disse Aleluia. "Não é momento de pensarmos em CPI", completou o deputado Eduardo Paes (PFL-RJ).
Para Maia, a oposição sempre se beneficia quando são tratados assuntos referentes a ética. "Não acredito que com o Lula [petista Luiz Inácio Lula da Silva" se consolidando na frente, os partidos da base governistas vão permitir uma CPI", argumentou.
Apesar da resistência dos congressistas, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) insiste na CPI: "O meu partido pode não apoiar, mas eu apóio".
Nem mesmo na oposição a CPI é consensual. O líder do PPS na Câmara, João Hermann Neto (SP), disse que a apuração da denúncia deve continuar no Ministério Público. A intenção da oposição é pedir uma CPI mista (integrada por deputados e senadores), cuja instalação é imediata.


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