São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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Sarney critica a decisão, mas seu grupo vota contra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), atacou duramente a rejeição da MP dos bingos pelos senadores, mas seu grupo político contribuiu para a derrota. Sua filha, Roseana Sarney (PFL-MA), se absteve, e peemedebistas ligados a ele votaram contra.
"Foi lamentável. Essa decisão não poderia ter ocorrido. O problema do jogo no Brasil precisa ser enfrentado, porque está vinculado ao problema da violência, da lavagem de dinheiro. A questão foi passionalizada, politizada. Foi um erro."
A abstenção de Roseana surpreendeu. Embora seja do PFL, ela costuma votar com o governo e atua na articulação dos interesses do Planalto no Senado.
Dos seis peemedebistas que votaram contra, quatro são ligados politicamente a Sarney: João Alberto Souza (MA), Gilberto Mestrinho (AM), Papaléo Paes (AP) e Leomar Quintanilha (TO). Os outros foram Mão Santa (PI), que já votava contra o governo, e Sérgio Cabral (RJ), que se absteve, mas retificou votando contra. Além de Roseana, Edison Lobão (PFL-MA), que segue a orientação de Sarney e costuma ajudar o governo, votou contra.
O mandato de Sarney na presidência do Senado termina em fevereiro de 2005. O Congresso discute uma proposta que permitiria sua reeleição, assim como a do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
A recondução de Sarney, porém, tem a resistência do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que pleiteia a presidência e cobra do governo o cumprimento de acordo de 2003, pelo qual abriu mão do cargo com o compromisso de ser o próximo ocupante.
Embora João Paulo tenha declarado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apóia as reeleições, não houve uma manifestação clara do Planalto.
Renan, ao avaliar a derrota de ontem, sugeriu que os peemedebistas que votaram contra a MP eram do grupo de Sarney.
Parlamentares da base aliada e da oposição na Câmara disseram que a derrota mostra a fragilidade das lideranças governistas no Senado e a divisão no PMDB. "Há alguns fatores, como a irresponsabilidade de setores da base e sua conseqüente desarticulação", afirmou Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo na Câmara. (RAQUEL ULHÔA)


Colaborou a Sucursal de Brasília

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