São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Ex-ministro da Saúde poderia concorrer em São Paulo se ex-prefeito desistisse; PP estuda aliança com PSDB

Serra aguarda Maluf, que aguarda Serra

FERNANDO RODRIGUES
EM SÃO PAULO

Os dois principais possíveis adversários de Marta Suplicy (PT) na disputa pela prefeitura paulistana ainda não se decidiram, em parte, porque dependem um do outro. José Serra (PSDB) aguarda a decisão de Paulo Maluf (PP) de concorrer. Maluf, do seu lado, também depende da entrada ou não do tucano para obter apoio da direção nacional do seu PP.
No PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que Serra ficaria mais atraído a concorrer se Maluf ficasse de fora.
"O quadro ainda não se definiu e o partido vai tomar a decisão com muita calma", diz do outro lado o presidente nacional do PP, deputado federal Pedro Corrêa (PE). O PP acalenta a possibilidade de se associar aos tucanos mais adiante nas disputas contra o PT -ainda que no segundo turno. Com Maluf, isso hoje é inviável.
O prazo final para que os partidos escolham seus candidatos é 30 de junho. O PP deixou a sua convenção para o dia 20 de junho. O PSDB tem uma pré-reunião já no dia 16 próximo -e isso pode precipitar a decisão de Serra.
Em pesquisa do Datafolha, de 25 de março, Maluf teve 24% das preferências, o tucano ficou com 22% e Marta registrou 17%. Maluf e Serra acreditam que um pode impedir o sucesso do outro na disputa pelo voto antipetista.
No caso de Serra, seus aliados dizem haver dois tipos de derrota. Uma, até aceitável, na qual perderia no segundo turno na disputa voto a voto com Marta. Outra, pior, com ele fora do turno final.
Já Maluf deseja ser candidato de qualquer jeito. Se pudesse, anunciaria já a candidatura. Ocorre que enfrenta resistências na direção nacional do PP, que prefere esperar um quadro mais definido -a entrada ou não de Serra- para escolher seu candidato.
É verdade que Maluf domina o diretório paulista do PP, mas hoje a direção nacional tem muito mais poder do que no passado. Sem consenso, o partido racha. Do ponto de vista regimental, pode haver uma intervenção em SP.
Embora um dependa em parte do outro para entrar na disputa, Serra está mais à vontade do que Maluf. A decisão está em suas mãos. Se se declarar candidato resolve a disputa interna no PSDB, eliminando do páreo vários pretendentes sem expressão nas pesquisas. Ocorre que Serra tem dito a interlocutores não ter interesse na prefeitura, -cargo que já tentou duas vezes, em 88 e 96, sem sucesso. Seu desejo é voltar a concorrer a presidente ou, ao menos, a governador em 2006. Além disso, há o risco de ficar em terceiro.
Maluf está em situação mais complicada. Nesta semana, aproveitou a presença de vários deputados federais do PP em São Paulo -o partido promoveu um seminário econômico na cidade do qual participou o ministro José Dirceu (Casa Civil)- para promover um jantar em sua casa, anteontem. Queria sair ungido como candidato. Não deu certo.
No jantar, Corrêa anunciou que o partido tinha dois pré-candidatos -além de Maluf, o deputado federal Celso Russomano. Houve um constrangimento. Os dois discursaram e nada ficou decidido.


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