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NEO-ALIADOS
Em almoço com o presidente, peemedebistas atacam divergências entre líderes de Lula na Câmara e no Senado
PMDB critica ação do governo no Congresso
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os dirigentes peemedebistas
criticaram ontem, durante almoço com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, as posições divergentes do governo na Câmara e
no Senado, o que tem levado as
duas Casas a uma situação de
conflito. Lula pediu para o ministro José Dirceu (Casa Civil) comandar uma ação articulada do
governo.
O assunto foi abordado pelo líder do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL), que citou o caso
da CPI do Banestado, arquivada
na semana passada no Senado
ereaberta ontem na Câmara. NoSenado, o fim da CPI teve o aval
do governo. Na Câmara, a decisão
de instalá-la na próxima semana
teve a aprovação do presidente
João Paulo Cunha (PT-SP).
Calheiros citou ainda a votação
da MP do Refis, aprovada na Câmara por um acordo firmado
com o Planalto e mais tarde modificada no Senado também com a
aprovação do líder Aloizio Mercadante (PT-SP). De volta à Câmara, os deputados ignoraram as
modificações feitas pelos senadores. "Parece haver uma competição entre o Mercadante e o João
Paulo", alfinetou o peemedebista.
Ao falar, o presidente pediu
queas votações no Congresso
ocorram sem disputas pessoais e
disseque "o interesse público tem
de estar acima de tudo". Depois,
em tom de brincadeira, segundo
ao menos quatro participantes da
reunião, teria arrematado: "Em
política, ciúme de homem é pior
do que ciúme de mulher".
De fato, o conflito entre os dirigentes e líderes petistas no Congresso é identificado em todos os
partidos. De um lado agiriam articuladamente Dirceu, João Paulo e
o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-AL). De outro, Mercadante, líder de Lula no
Senado. O pano de fundo é o conflito que se estabeleceu entre Câmara e Senado na votação sobretudo de medidas provisórias.
"O que há é um problema institucional e não do João Paulo comigo. O que tem de mudar é o rito
de tramitação das medidas provisórias", disse Mercadante, após a
reunião no Alvorada. Como
exemplo, cita a MP 114, que está
obstruindo a pauta do Senado.
Segundo Mercadante e os líderes,
não há entendimento de que a Câmara manterá as mudanças que
os senadores pretendem fazer.
Em favor de Mercadante, Aldo
Rebelo argumentou, na reunião
do Alvorada, que João Paulo não
tinha opção a não ser mandar instalar a CPI: ele já sofrera desgasteno início do ano ao mandar para
oarquivo requerimentos de comissões de inquérito que não
atendiam procedimentos regimentais. João Paulo acha que o
arquivamento da CPI pelo Senado teve repercussão negativa.
Mercadante não esconde que
considera a CPI ruim para o governo. Argumenta que as remessas são legais. Segundo ele, o ilícito não ocorre na remessa, mas antes de ela ser feita. Para ele, a força-tarefa do governo encarregada
de investigar o caso pode dar conta do assunto ou até fornecer elementos para futura investigação
do Congresso. Uma CPI agora, ele
acredita, só prejudicariao esforço
para a recuperação da confiança
internacional do país.
O líder do governo no Senado,
aliás, teme que a instalação na Câmara dificulte a tramitação das reformas. Esse foi o sentimento predominante na reunião do Alvorada, mas a maioria dos presentes
negou que estivesse em curso
uma "operação-abafa". O PMDB
foi ao Alvorada para informar Lula sobre a decisão do partido de
dar apoio ao governo. A participação da sigla no ministério não
foi discutida. Mas Lula disse que
pediria para os ministros acelerarem as nomeações reivindicadas
pelo partido nos Estados.
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