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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / UM ANO DEPOIS
Conselho deve pedir a cassação de Janene
Ex-líder do PP na Câmara é acusado de receber R$ 4,1 milhões do esquema operado pelo empresário Marcos Valério
Votação pode ser adiada
se houver pedido de vista do processo; parlamentar alegou problemas de saúde para evitar interrogatório
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados inicia hoje
a votação do parecer que deve
pedir a cassação do mandato de
José Janene (sem partido-PR),
ex-líder da bancada do PP, último a ser julgado entre os 19 deputados acusados de envolvimento com o mensalão.
O relator do caso, Jairo Carneiro (PFL-BA), deve pedir a
cassação de Janene baseado em
uma série de indícios que apontam para o recebimento, pelo
ex-pepista, de recursos do esquema montado pelo PT e pelo
empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza.
Segundo Valério, Janene foi
beneficiário de R$ 4,1 milhões
do esquema. O ex-pepista nega,
argumentando que recebeu do
PT R$ 700 mil, dinheiro que teria sido usado para pagamento
do advogado de Ronivon Santiago (PP-AC), ex-deputado
que enfrenta, entre outros, processos por crime eleitoral.
Como pode haver pedido de
vista ao processo, a votação
corre o risco de não ocorrer hoje. Nesse caso, o presidente do
conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou que marcará a votação para a sexta-feira.
A Folha apurou que a tendência no conselho é de aprovação do parecer pela cassação
por ampla maioria. Dos 15 integrantes do órgão, mais de 10
devem votar contra Janene. O
processo seguirá então para o
plenário da Câmara. A cassação
só ocorre caso pelo menos 257
dos 513 deputados aprovem,
em votação secreta, o parecer
do Conselho.
A Folha não conseguiu falar
ontem com Janene, que nega
todas as acusações. O seu caso
atrasou devido à sua recusa em
depor. Ele alega que, por ter
cardiopatia grave, não pode enfrentar o interrogatório.
Dos 19 deputados acusados,
4 renunciaram, 3 foram cassados e 11 foram absolvidos pelo
plenário da Câmara. "Nós, do
conselho, demos uma satisfação à sociedade. É uma pena
que o plenário da Câmara tenha quebrado a tradição, em alguns casos, de seguir a orientação do conselho. Isso fica muito mal para a imagem do Legislativo", disse Izar.
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