São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / UM ANO DEPOIS

Conselho deve pedir a cassação de Janene

Ex-líder do PP na Câmara é acusado de receber R$ 4,1 milhões do esquema operado pelo empresário Marcos Valério

Votação pode ser adiada se houver pedido de vista do processo; parlamentar alegou problemas de saúde para evitar interrogatório


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados inicia hoje a votação do parecer que deve pedir a cassação do mandato de José Janene (sem partido-PR), ex-líder da bancada do PP, último a ser julgado entre os 19 deputados acusados de envolvimento com o mensalão.
O relator do caso, Jairo Carneiro (PFL-BA), deve pedir a cassação de Janene baseado em uma série de indícios que apontam para o recebimento, pelo ex-pepista, de recursos do esquema montado pelo PT e pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Segundo Valério, Janene foi beneficiário de R$ 4,1 milhões do esquema. O ex-pepista nega, argumentando que recebeu do PT R$ 700 mil, dinheiro que teria sido usado para pagamento do advogado de Ronivon Santiago (PP-AC), ex-deputado que enfrenta, entre outros, processos por crime eleitoral.
Como pode haver pedido de vista ao processo, a votação corre o risco de não ocorrer hoje. Nesse caso, o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou que marcará a votação para a sexta-feira.
A Folha apurou que a tendência no conselho é de aprovação do parecer pela cassação por ampla maioria. Dos 15 integrantes do órgão, mais de 10 devem votar contra Janene. O processo seguirá então para o plenário da Câmara. A cassação só ocorre caso pelo menos 257 dos 513 deputados aprovem, em votação secreta, o parecer do Conselho.
A Folha não conseguiu falar ontem com Janene, que nega todas as acusações. O seu caso atrasou devido à sua recusa em depor. Ele alega que, por ter cardiopatia grave, não pode enfrentar o interrogatório.
Dos 19 deputados acusados, 4 renunciaram, 3 foram cassados e 11 foram absolvidos pelo plenário da Câmara. "Nós, do conselho, demos uma satisfação à sociedade. É uma pena que o plenário da Câmara tenha quebrado a tradição, em alguns casos, de seguir a orientação do conselho. Isso fica muito mal para a imagem do Legislativo", disse Izar.


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