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SUDAM
Ex-senador teria recebido uma comissão de 20% sobre um total de R$ 44,1 mi após projeto Usimar ser aprovado
Lobista diz que Jader ficou com R$ 8,8 mi
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O lobista Amauri Cruz dos Santos confirmou, durante depoimento em juízo ontem, em Curitiba, que o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) ficou com 20%
do total de recursos que a extinta
Sudam liberou para o projeto Usimar. Ele teria recebido cerca de
R$ 8,8 milhões de "comissão para
liberar o projeto.
A "comissão" correspondente à
primeira parcela, segundo Santos,
que teria chegado a Jader antes de
a Sudam (Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia)
ter depositado o dinheiro na conta aberta no Basa (Banco da Amazônia) pelo controlador do projeto, empresário curitibano Teodoro Hübner Filho.
A primeira parcela, de R$ 22,1
milhões, foi liberada em janeiro
de 2000. Jader teria recebido os
20% ainda em dezembro, dias depois de o projeto ser aprovado no
Conselho Deliberativo da Sudam.
O procedimento na segunda liberação, de R$ 22 milhões em abril,
teria seguido o mesmo esquema.
Segundo o procurador federal
Nazareno Wolff, o acerto prévio
estabeleceu a emissão de mais de
um cheque, de valores diferentes,
que totalizariam os 20%. As primeiras remessas levaram a assinatura do controlador da Usimar,
Teodoro Hübner Filho, disse o
procurador.
Santos era o responsável pelo
despacho dos cheques (via Sedex), de Curitiba para Belém. Os
envelopes eram endereçados a
Antonio José Costa de Freitas
Guimarães, ex-assessor de Jader
no Senado e diretor da TV Liberal, propriedade do ex-senador.
Guimarães está na lista dos 25
processados pela Justiça Federal
do Tocantins, de 26 denunciados
pela força-tarefa do Ministério
Público Federal em agosto. A relação é encabeçada pelo ex-senador
e pelo marido da ex-governadora
do Maranhão Roseana Sarney
(PFL), Jorge Murad. A Justiça não
acatou a denúncia contra Roseana Sarney.
"O que mais nos interessava foi
confirmado no interrogatório de
Santos", disse Wolff. O procurador acompanhou os depoimentos
de quatro dos oito paranaenses
processados por desvios de dinheiro do projeto Usimar. Os réus
foram interrogados pela juíza da
1ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Anne Karina Amador Costa,
cumprindo precatória da Justiça
Federal do Tocantins.
Primeiro a depor, o empresário
curitibano Teodoro Hübner Filho
disse à juíza que cerca de R$ 24
milhões liberados para a fábrica
de autopeças do Maranhão foram
parar nas contas de sete doleiros e
quatro intermediários do projeto.
De um total previsto de R$ 1,3
bilhão, o projeto Usimar recebeu
R$ 44,1 milhões da Sudam.
A versão do empresário sobre o
volume desviado foi passada pelo
advogado de Hübner, João Casillo. Segundo Casillo, o empresário
prova ter aplicado no projeto cerca de R$ 20 milhões. O procurador Wolff contesta. Ele estima que
os recursos aplicados na fundação
da fábrica de São Luís somaram
apenas R$ 6 milhões.
O advogado afirma que seu
cliente "foi vítima de um golpe" e
que está colaborando com a Justiça. A lavagem do dinheiro desviado teria gerado, segundo Casillo,
cerca de R$ 530 mil em CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira).
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