São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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DENÚNCIA

Deputado nega trabalho escravo

Câmara vai investigar Inocêncio após eleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A denúncia de trabalho em regime semelhante à escravidão em fazenda que pertencia ao deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE), líder pefelista na Câmara, será investigada pela Casa, segundo o corregedor Barbosa Neto (PMDB-GO). A investigação deverá ser aberta após as eleições.
Barbosa Neto disse, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que vai aguardar as eleições para evitar que a investigação tenha conotação política.
O corregedor argumentou que Inocêncio teria dito que a denúncia ganhou maior dimensão depois que o líder pefelista declarou apoio ao presidenciável Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB).
A intenção do corregedor é criar uma comissão externa, integrada por ele e pelos presidentes das comissões de Direitos Humanos, Orlando Fantazzini (PT-SP), e do Trabalho, Rodrigo Maia (PFL-RJ), para visitar a fazenda Caraíbas, que fica no Maranhão.
Segundo relatório do Ministério do Trabalho, na fazenda, que pertencia ao deputado, 58 pessoas trabalharam no início do ano em regime semelhante à escravidão. Diz o relatório que os empregados eram obrigados a contrair dívidas com capatazes para comprar artigos que o proprietário deveria fornecer.
Celso Três, procurador da República no DF, disse que entrará com representação na Câmara contra Inocêncio, pedindo a cassação do mandato. A representação, que pode ser entregue hoje, deverá ser analisada pela Mesa Diretora da Casa após as eleições. Os deputados estão em "recesso branco" (não-oficial), fazendo campanha nos Estados. Até outubro não haverá votações.
O deputado tem negado a existência de trabalho escravo na fazenda e afirma que se coloca à disposição "da corregedoria, da ouvidoria, da Procuradoria e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara" para esclarecimentos.
Anteontem Inocêncio disse que irá processar o procurador Celso Três, por causa da representação pedindo sua cassação. Segundo Inocêncio, os trabalhadores não eram vinculados a ele, mas aos "gatos" (intermediadores de mão-de-obra) da região.



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