|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dirceu nega aumento de impostos
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil e
articulador político do governo,
José Dirceu, afirmou ontem que
pontos fundamentais e polêmicos
da proposta de reforma tributária
aprovada na Câmara serão alterados no Senado. Ele e o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
negaram que o texto aprovado
permite o aumento dos impostos.
"A emenda vai ser aperfeiçoada
no Senado. É natural que se discuta melhor no Senado a questão do
ICMS, da transição e dos fundos.
Tudo isso será melhor discutido
no Senado", afirmou Dirceu, em
entrevista no Palácio do Planalto.
O ministro se referia ao período
de transição de 11 anos para a cobrança do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) no destino (hoje predomina a cobrança nos Estados de origem) e ao montante dos dois fundos criados pela reforma -um
para compensar perdas de Estados exportadores e outro de desenvolvimento regional.
Os governadores querem aumentar o volume de arrecadação
dos dois fundos.
Dirceu disse que o texto da reforma será aprovado pela Câmara
em segundo turno sem alterações,
que serão feitas só no Senado -o
que obrigará a devolução da parte
alterada para nova discussão e votação na Câmara. O ministro não
quis avaliar o placar do segundo
turno, dizendo apenas que o acordo garante a aprovação.
Mudanças legítimas
Quanto à previsão de mudanças
no Senado, afirmou: "Isso é legítimo, é a democracia. O Senado é a
casa da Federação".
Segundo o ministro, o Senado
deverá aprovar a reforma com serenidade e tranquilidade. "Nós
estamos aqui para negociar e chegar a um bom termo", disse ele.
Dirceu e Palocci, que também
concedeu entrevista depois de
uma solenidade no Planalto, contestaram enfaticamente as afirmações de que o texto da emenda
aprovado na Câmara permite o
aumento de impostos.
"Não há hipótese de aumento
da carga tributária. O que a reforma faz é acabar com a elisão fiscal
e a sonegação. A reforma vai a favor da produção, com o fim da
cumulatividade da Cofins e a desoneração das exportações."
Sobre as reclamações de empresários, Dirceu afirmou: "Não há
nenhuma razão para os empresários terem qualquer temor, até
porque foi estabelecida uma trava
de 25% do ICMS. E ainda nós temos o Senado para discutir".
Palocci disse que desconhece a
suposta insatisfação de empresários, inclusive porque participaram da discussão da reforma no
CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
"A desoneração das exportações, a redução dos impostos sobre bens de capital e o fim da cumulatividade sobre a Cofins, até
onde eu entendo, é uma reivindicação de décadas dos empresários", afirmou Palocci.
Aumento de impostos
Sobre a afirmação de que a
emenda dá brechas para o aumento de impostos, o ministro da
Fazenda afirmou que a situação é
exatamente o contrário.
"A reforma tributária que torna
o imposto de melhor qualidade é
a única garantia de que a sequência de ajustes que o Brasil precisa
fazer não será feita com aumento
de impostos", disse o ministro.
"Se não fizermos a reforma, se o
Brasil não crescer, não há outro
caminho senão o que foi feito nos
últimos dez anos. Nos queremos
mudar esse caminho", afirmou.
Segundo o ministro da Fazenda,
nos últimos dez anos a carga tributária cresceu 1% do PIB (Produto Interno Bruto) por ano, chegando a 35,8% em 2002.
Texto Anterior: Ruralista, PSTU e servidor fazem manifestação Próximo Texto: Rolo tributário: Planalto libera verbas para aprovar reforma Índice
|