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Mortes no campo superam as de 2002
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Na mesma semana em que Rolf
Hackbart tomou posse como presidente do Incra, o número de
pessoas assassinadas em conflitos
fundiários neste ano (22) superou
o total registrado em todo o ano
passado (20), avançou em 120%
sobre o total de 2000 (10) e ultrapassou em 57% o de 2001 (14).
De acordo com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, que leva em conta dados colhidos pela
Ouvidoria Agrária Nacional, houve 20 mortes de janeiro a agosto
deste ano. Adicionando as mortes
de dois sem-terra no interior do
Paraná, baleados por seguranças
de uma fazenda durante uma invasão, chega-se ao total de 22.
"A Ouvidoria Agrária Nacional,
ao lado do ministério [do Desenvolvimento Agrário] e do Incra,
está buscando diminuir a tensão
agrária com o avanço do diálogo.
Os números atuais podem ser altos se comparados com os do ano
passado. Mas são baixos diante de
outros anos", disse a ouvidora
agrária nacional substituta, Maria
de Oliveira, 52. Segundo ela, a violência no campo somente será reduzida com a ação federal diante
das milícias armadas.
O avanço registrado nos números do ministério também aparece na quantificação da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Segundo o braço agrário da Igreja Católica, entre janeiro e agosto deste
ano foram 44 assassinatos -superando os dados colhidos no
mesmo período desde 1998.
CPT e ministério têm metodologias diferentes. O governo só
considera os casos nos quais exista um boletim de ocorrência que
aponte conflito agrário como motivação da morte. Já a CPT, além
dos dados policiais, recolhe informações de agentes da Pastoral
nos Estados, de movimentos sociais e da imprensa. Ao final deste
ano, se mantida a média mensal,
os dados da CPT devem superar
todos os registros desde 1991.
Entre janeiro e agosto deste ano,
ocorreram 184 invasões, segundo
o ministério. A quantidade supera o total registrado de janeiro a
dezembro de 2001 e 2002, com 158
e 103 casos, respectivamente. Em
2000, ocorreram 236 invasões. Altos diante de 2001 e 2002, os números de invasões deste ano estão
baixos comparados com o total
registrado em 1998 (446), 1999
(502) e 2000 (236).
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