São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Cozinha italiana une adversários em SP

Folha percorreu restaurantes freqüentados por Marta, Alckmin e Maluf; Kassab não revelou onde costuma ir

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto marqueteiros ficam absorvidos em realçar aspectos positivos dos candidatos e esconder detalhes menos abonadores, descobrir onde os aspirantes à Prefeitura de São Paulo gostam de comer na intimidade pode ser mais revelador, como pregam gourmands e chefs de cozinha, do que discursos e promessas de campanha.
No rastro da máxima "Diz-me o que comes, te direi quem és", do epicurista francês Jean Anthelme Brillat-Savarin, a Folha foi à procura dos restaurantes mais freqüentados pelos primeiros colocados. A reportagem provou pratos, falou com maîtres e coletou receitas.
Seja qual deles for o escolhido pelos eleitores, o futuro prefeito aproveita a farta e variada gastronomia da maior cidade do país. Nas preferências de todos, não faltam a culinária italiana ou uma boa carne.
Marta Suplicy (PT) é uma admiradora de duas especialidades bem servidas da capital: as cozinhas italiana e japonesa. A ex-prefeita é fiel a alguns endereços, como o restaurante Jardim di Napoli, local que freqüenta há pelo menos 20 anos.
Com apenas 40 mesas, o "Jardim" é conhecido pelo polpettone (bolo de carne recheado de queijo), receita que há 30 anos é mantida em segredo pela casa. Para acompanhar, Marta gosta dos "antipasti" (entradas), como a alcachofra, lascas de parmesão e sardela. Come também as massas, como o fusili ao sugo. Com a família, Marta costuma pedir como complemento uma pizza margherita, com postas de muzzarela e manjericão. No restaurante, o item apreciado pela candidata que escapa de bolsos mais econômicos é o vinho chileno que custa R$ 150 a garrafa.
Marta é popular entre os funcionários da casa. Conversa, tira fotos e dá autógrafos. Faz o mesmo com outros clientes.
Quando quer pegar mais leve, a ex-prefeita escolhe o restaurante japonês Miyabi, onde vai mais de uma vez por mês. Além dos combinados de sushi e sashimi, ela aprecia pratos menos conhecidos, como o chawan mushi, um flã salgado à base de ovos e cogumelos shimeji e shitake. Segundo um funcionário, a ex-prefeita foi apresentada ao restaurante pelo senador Aloizio Mercadante. "Ele faz tempo que não freqüenta, mas ela sempre vem", explica um dos empregados.

Bife à milanesa
Geraldo Alckmin (PSDB) também é fiel a alguns chefs. Com a família ou assessores, costuma freqüentar o Lélis Trattoria Campinas, restaurante italiano de massas caseiras. Não faltam na mesa do candidato os pratos feitos de maneira artesanal, como o ravioli ou o nhoque, sempre ao molho sugo, à base de tomate. Outros pedidos do ex-governador no restaurante são o bife à milanesa e uma salada mista.
Mais modesto é o Bar Presidente, freqüentado pelo tucano desde 1993, quando se mudou para São Paulo e vivia em um flat na região do Ibirapuera. O Presidente é um local com poucas mesas, onde a maior parte dos clientes -como o ex-governador- senta ao balcão. Alckmin se acomoda sempre no mesmo canto, de costas para uma pilha de caixas de cerveja. Ali, come feijão, arroz, salada de tomate e alface e um bife à cavalo, tudo preparado por Maria José Baltazar, uma portuguesa que vive no Brasil há 45 anos. Sem excesso de gordura, o bife coberto com um ovo frito pode vir "mole" ou "duro". No final da refeição, o candidato não dispensa o cafezinho.
Os proprietários do bar adoram o ex-governador. Têm fotos nas paredes e recortes de jornais falando das idas ao local, inclusive com outros políticos, como o deputado federal José Aníbal (PSDB).
Depois de pagar R$ 8 pelo almoço comercial, o ex-governador não deixa de dar uma gorjeta ao garçom que o atendeu. "Ele nunca deixou de vir aqui, como vice-governador, como governador e como candidato à Presidência", conta Maria Helena, proprietária do estabelecimento e filha da cozinheira.

"Alta gastronomia"
O prefeito Gilberto Kassab (DEM), que não esconde ser um gourmand, não quis informar os restaurantes que gosta de freqüentar. Segundo sua assessoria, a indicação de um ou dois lugares deixaria de fora "muitos outros", já que o candidato aprecia comer fora.
A Folha apurou que Kassab adora comida italiana e libanesa, por influência familiar. Um dos locais que freqüenta é o restaurante Magari, sempre na lista dos melhores da cidade no quesito "alta gastronomia italiana". Em média, os clientes pagam em torno de R$ 100 por entrada, prato principal e sobremesa no local.
A casa não quis informar os pratos preferidos do prefeito sem autorização.
Já o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) é fã das carnes e da cozinha libanesa.
Nos finais de semana com a família ou em almoço rápido, Maluf gosta de freqüentar o Barbacoa, considerado um dos melhores e mais caros rodízios da cidade. Lá, o candidato não deixa de provar o cupim (corte de carne bastante macio, por conter mais gordura) e a carne de cordeiro. Também aproveita o pãozinho de entrada e uma das especialidades da casa, o palmito fresco assado ao molho de alcaparras.

NA INTERNET
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br
confira no blog as receitas preferidas dos candidatos



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