São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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Dirceu fica mais perto da presidência da Câmara

DA REPORTAGEM LOCAL

Feito o acordo com o PMDB no Congresso, o presidente nacional do PT, José Dirceu, 57, caminha para assumir a presidência da Câmara dos Deputados, em vez de ser ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A análise no PT é que caberá ao presidente da Câmara conduzir a aprovação de reformas que determinarão a viabilidade ou não do governo Lula. O petista já enumerou como suas prioridades as reformas tributária, previdenciária, trabalhista e política.
Para a articulação dos acordos partidários e políticos, o papel do presidente da Câmara é fundamental. Ele determina a ordem e o fluxo das votações, chancela as negociações, manobra a pauta da Casa e preside o colégio de líderes.
Assim, Dirceu ao optar pela presidência da Câmara, ressalvadas as diferenças de momento político e de personalidade, representará para Lula o que o deputado federal Luís Eduardo Magalhães (1955-1998) representou para FHC no primeiro mandato.
A comparação com o parlamentar pefelista baiano não é de agrado dos petistas. Primeiro porque, então na oposição, os petistas acusavam Luís Eduardo de comandar o rolo compressor do governo FHC, supostamente sem ouvir as minorias. Segundo porque avaliam que, na maior parte das reformas, o tucano fracassou.
Outra lembrança que os petistas tentam rechaçar é de Dirceu cumprir papel semelhante ao do deputado Ulysses Guimarães (1916-1992) na administração de José Sarney (presidente de 1985 a 1990). Tido como homem forte do governo, a Ulysses costuma-se creditar a nomeação dos ministros mais fortes daquele governo.
Principal articulador da campanha de Lula, Dirceu foi elogiado nominalmente anteontem pelo presidente eleito na reunião da Executiva Nacional do partido, ampliado com a presença de governadores, prefeitos e parlamentares. Entre os petistas, é definido como o único que recebeu carta branca para decidir o que pretende em 2003.
Até aqui Dirceu já foi citado como candidato a titular do Ministério da Justiça ou da Casa Civil, em qualquer uma das pastas com a função de coordenar a articulação política do governo, tal qual fez na campanha eleitoral.
O próprio Lula reconhece que sua vitória na eleição presidencial de 2002 começou a ser construída em 1995, quando Dirceu assumiu seu primeiro mandato como presidente do partido. Enquadrou as tendências mais a esquerda, ampliou o arco de alianças do partido e comandou a guinada ao centro das propostas para o então eventual governo Lula.
A escolha de Dirceu pela Câmara pode ser reforçada pela ausência de um nome forte entre os deputados eleitos pelo partido para assumir o seu papel. Os citados como opção, Patrus Ananias (MG), João Paulo Cunha (SP) e Jorge Bittar (RJ), por exemplo, não conseguiriam nem mesmo a unanimidade interna necessária.
(PLÍNIO FRAGA)


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