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Dirceu fica mais perto da presidência da Câmara
DA REPORTAGEM LOCAL
Feito o acordo com o PMDB no
Congresso, o presidente nacional
do PT, José Dirceu, 57, caminha
para assumir a presidência da Câmara dos Deputados, em vez de
ser ministro do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva.
A análise no PT é que caberá ao
presidente da Câmara conduzir a
aprovação de reformas que determinarão a viabilidade ou não do
governo Lula. O petista já enumerou como suas prioridades as reformas tributária, previdenciária,
trabalhista e política.
Para a articulação dos acordos
partidários e políticos, o papel do
presidente da Câmara é fundamental. Ele determina a ordem e o
fluxo das votações, chancela as
negociações, manobra a pauta da
Casa e preside o colégio de líderes.
Assim, Dirceu ao optar pela presidência da Câmara, ressalvadas
as diferenças de momento político e de personalidade, representará para Lula o que o deputado federal Luís Eduardo Magalhães
(1955-1998) representou para
FHC no primeiro mandato.
A comparação com o parlamentar pefelista baiano não é de
agrado dos petistas. Primeiro porque, então na oposição, os petistas
acusavam Luís Eduardo de comandar o rolo compressor do governo FHC, supostamente sem
ouvir as minorias. Segundo porque avaliam que, na maior parte
das reformas, o tucano fracassou.
Outra lembrança que os petistas
tentam rechaçar é de Dirceu cumprir papel semelhante ao do deputado Ulysses Guimarães (1916-1992) na administração de José
Sarney (presidente de 1985 a
1990). Tido como homem forte do
governo, a Ulysses costuma-se
creditar a nomeação dos ministros mais fortes daquele governo.
Principal articulador da campanha de Lula, Dirceu foi elogiado
nominalmente anteontem pelo
presidente eleito na reunião da
Executiva Nacional do partido,
ampliado com a presença de governadores, prefeitos e parlamentares. Entre os petistas, é definido
como o único que recebeu carta
branca para decidir o que pretende em 2003.
Até aqui Dirceu já foi citado como candidato a titular do Ministério da Justiça ou da Casa Civil,
em qualquer uma das pastas com
a função de coordenar a articulação política do governo, tal qual
fez na campanha eleitoral.
O próprio Lula reconhece que
sua vitória na eleição presidencial
de 2002 começou a ser construída
em 1995, quando Dirceu assumiu
seu primeiro mandato como presidente do partido. Enquadrou as
tendências mais a esquerda, ampliou o arco de alianças do partido e comandou a guinada ao centro das propostas para o então
eventual governo Lula.
A escolha de Dirceu pela Câmara pode ser reforçada pela ausência de um nome forte entre os deputados eleitos pelo partido para
assumir o seu papel. Os citados
como opção, Patrus Ananias
(MG), João Paulo Cunha (SP) e
Jorge Bittar (RJ), por exemplo,
não conseguiriam nem mesmo a
unanimidade interna necessária.
(PLÍNIO FRAGA)
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