São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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Acordo dificulta bloco de oposição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O acordo fechado ontem entre o PT e o PMDB para as eleições das presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2003, praticamente sepultou uma articulação do PSDB para a criação de um bloco de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional.
O bloco reuniria PSDB, PMDB, PFL e PPB, quatro dos partidos que integram a base de sustentação política do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Além de fazer oposição a Lula, os tucanos pensavam também em reivindicar a presidência da Câmara dos Deputados.
Por uma regra não-escrita, as presidências da Câmara e do Senado cabem sempre ao partido com a bancada majoritária. A partir do próximo ano, a maior bancada será a do PT na Câmara, com 91 deputados. O PMDB será majoritário no Senado, com 19 integrantes, podendo chegar a 22 com adesões esperadas pela direção da sigla.
A criação do bloco foi discutida anteontem pelos presidentes nacionais do PSDB, José Aníbal (SP), e do PMDB, Michel Temer (SP). Os dois articularam a criação da "Grande Aliança", coligação que sustentou a candidatura do tucano José Serra à Presidência, derrotado no segundo turno das eleições presidenciais.
Ontem, a articulação do bloco de oposição ao governo do PT voltou a ser tratado durante reunião da Executiva Nacional do PSDB, realizada em Brasília.
"São conversas preliminares", disse Aníbal após a reunião. "Não há uma decisão tomada."

Surpresa
Pouco antes da reunião dos tucanos, José Aníbal foi surpreendido com a notícia do acordo entre o PMDB e o PT, o que, de saída, inviabilizaria a idéia de o novo bloco reivindicar a presidência da Câmara dos Deputados.
Imediatamente, Aníbal telefonou para Michel Temer.
Questionado, o peemedebista teria dito que o entendimento com o PT restringia-se às eleições para as Mesas do Congresso Nacional, com o PT assumindo o compromisso de apoiar a decisão que vier a ser tomada pela bancada do PMDB no Senado.
A cúpula do PMDB queria esse compromisso do PT para tentar tirar da disputa o senador José Sarney (AP), que é candidato a voltar ao cargo. Na bancada, um colégio reduzido de 19 senadores, Sarney teria menos chance de ser indicado, situação inversa à do plenário, onde tem votos em todos os partidos.
Após reunião da Executiva Nacional do PMDB, Michel Temer negou que a criação de um eventual bloco com o PSDB esteja descartada. "Nós estamos dialogando. Vamos dialogar com todos os partidos, como dialogamos hoje com o PT", disse.
O PPB e o PFL pretendem entrar na composição das chapas que vão disputar as mesas diretoras da Câmara e do Senado. Por isso, eles devem também apoiar o entendimento havido entre PT e PMDB.


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