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Parente é contra renegociar dívidas
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro-chefe da Casa Civil,
Pedro Parente, afirmou ontem
que, se questionado pela equipe
de transição do presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva, qualquer integrante do atual governo
irá desaconselhar a renegociação
das dívidas dos Estados. Minas
Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já manifestaram interesse na renegociação.
"O governo eleito deve saber
que qualquer esforço fiscal que os
Estados não queiram fazer vai sobrar para a União", disse Parente,
em palestra sobre o balanço da
atual administração federal, realizada em São Paulo.
Depois, em entrevista, o ministro frisou considerar "injusto" o
pedido de renegociação. "Se antes
[os Estados] tinham 40% de suas
receitas comprometidas, agora
são só 13%. Se acham que estão
sofrendo agora, com um limite
[de comprometimento das receitas], antes sofriam muito mais."
O ministrou alertou que, se quiser fazer a renegociação "em meio
a tantas outras prioridades", o governo eleito terá de enviar ao
Congresso pedido para mudar a
Lei de Responsabilidade Fiscal. O
artigo 35 proíbe a renegociação.
Segundo Parente, coordenador
da equipe do governo que atua
com o grupo de transição de Lula,
os trabalhos começarão quando
todos os integrantes da transição
de Lula tiverem sido nomeados.
O ministrou afirmou que os
maiores "problemas" que o novo
governo deverá herdar são as reformas tributária e previdenciária, não concluídas. "Na questão
da [reforma] tributária, o governo
tentou, mas fazê-la é igual a lidar
com a seleção brasileira: todo
mundo é técnico e todo mundo
tem seu próprio time. Ao envolver a questão de quem perde e
quem ganha, emperrou."
Já em relação ao não andamento da reforma da Previdência, Parente culpou o PT. "O PT não ajudou, liderando a oposição no
Congresso. Por isso é que repetimos que os partidos da atual base
do governo devem fazer uma
oposição responsável".
O ministro afirmou ainda que a
venda de ações do Banco do Brasil
não será suspensa ou adiada. Disse que, anteontem à noite, conversou com o coordenador da
equipe de transição de Lula, Antônio Palocci Filho, e que não
houve "estremecimento" na relação. "A decisão foi tomada porque assumimos o tema como responsabilidade do atual governo".
O ministro elogiou a forma em
que a discussão sobre o reajuste
do salário mínimo está sendo
conduzida pela equipe de transição de Lula. "Em termos absolutos, ninguém pode ser contra ou a
favor do reajuste. Mas é necessário identificar o aumento de custo
e encontrar as fontes que permitem o seu financiamento", disse.
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