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NO AR
Qüééémmm
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Fim de governo é assim. Vem
um comentarista da Globo e
diz, sem piedade:
- Você sabe o que é um pato
manco? É o nome que os americanos dão a um presidente cujo
mandato acabou, mas ainda
não saiu do cargo. Ninguém liga
mais para ele. E ele fica ali,
mancando. Qüééémmm...
Qüééémmm...
Por aqui, para piorar, o presidente ainda se debate, continuou o comentarista, escorrendo sarcasmo:
- FHC não quer ser só um
pato manco, mas um pato cooperativo...
O deboche se dissemina a ponto de levar o ministro da Fazenda a vir a público, bater no peito
contra críticas petistas:
- O empenho para se conduzir a transição de forma construtiva, civilizada e transparente não deve obscurecer o fato inquestionável de que o mandato
do atual governo termina em 31
de dezembro.
Pedro Malan não alcançou,
nem de longe, a repercussão de
outros tempos, por exemplo, no
Jornal Nacional.
Se até Arnaldo Jabor debocha
de FHC, não seria o PMDB que
insistiria no oposto. Já de manhã, Alexandre Garcia, sempre
sorrindo, adiantava o que estava por vir:
- O PMDB vai continuar dividido entre ser ou não ser governo, mas com uma mudança.
A ala de oposição vira governo
-e é engordada pela parte que
gosta de ser governo.
A parte que gosta de ser governo posou com o PT para os telejornais e, após certo suspense,
confirmou a troca de apoio nas
eleições da Câmara dos Deputados e do Senado.
Já a decisão sobre integrar o
governo Lula ficou para depois,
pela explicação que deram, de
se detalharem mais as propostas
do presidente eleito.
Anunciam-se, como se vê,
mais dificuldades para Lula,
antes de alcançar as facilidades
de que ele precisa -e que FHC,
vale lembrar, só foi ter depois de
anos no balcão.
Os tucanos poderiam ter passado sem o constrangimento de
José Aníbal. Ele saiu espalhando
que o peemedebista Michel Temer teria garantido não haver
acordo para a Câmara, só para
o Senado.
À noite, JN e demais citavam
com ironia a reação tardia dos
tucanos -e anunciavam em
manchete o "acordo fechado"
entre PMDB e PT.
Enquanto José Dirceu e Antonio Palocci suam a camisa, Lula
encontra celebridades, fãs, assina autógrafos.
Seu tratamento, nas ruas do
Rio como na TV, foi de ídolo.
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