São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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NO AR

Qüééémmm

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Fim de governo é assim. Vem um comentarista da Globo e diz, sem piedade:
- Você sabe o que é um pato manco? É o nome que os americanos dão a um presidente cujo mandato acabou, mas ainda não saiu do cargo. Ninguém liga mais para ele. E ele fica ali, mancando. Qüééémmm... Qüééémmm...
Por aqui, para piorar, o presidente ainda se debate, continuou o comentarista, escorrendo sarcasmo:
- FHC não quer ser só um pato manco, mas um pato cooperativo...
O deboche se dissemina a ponto de levar o ministro da Fazenda a vir a público, bater no peito contra críticas petistas:
- O empenho para se conduzir a transição de forma construtiva, civilizada e transparente não deve obscurecer o fato inquestionável de que o mandato do atual governo termina em 31 de dezembro.
Pedro Malan não alcançou, nem de longe, a repercussão de outros tempos, por exemplo, no Jornal Nacional.
 
Se até Arnaldo Jabor debocha de FHC, não seria o PMDB que insistiria no oposto. Já de manhã, Alexandre Garcia, sempre sorrindo, adiantava o que estava por vir:
- O PMDB vai continuar dividido entre ser ou não ser governo, mas com uma mudança. A ala de oposição vira governo -e é engordada pela parte que gosta de ser governo.
A parte que gosta de ser governo posou com o PT para os telejornais e, após certo suspense, confirmou a troca de apoio nas eleições da Câmara dos Deputados e do Senado.
Já a decisão sobre integrar o governo Lula ficou para depois, pela explicação que deram, de se detalharem mais as propostas do presidente eleito.
Anunciam-se, como se vê, mais dificuldades para Lula, antes de alcançar as facilidades de que ele precisa -e que FHC, vale lembrar, só foi ter depois de anos no balcão.
 
Os tucanos poderiam ter passado sem o constrangimento de José Aníbal. Ele saiu espalhando que o peemedebista Michel Temer teria garantido não haver acordo para a Câmara, só para o Senado.
À noite, JN e demais citavam com ironia a reação tardia dos tucanos -e anunciavam em manchete o "acordo fechado" entre PMDB e PT.
 
Enquanto José Dirceu e Antonio Palocci suam a camisa, Lula encontra celebridades, fãs, assina autógrafos.
Seu tratamento, nas ruas do Rio como na TV, foi de ídolo.


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