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TRANSIÇÃO
Emendas de medidas provisórias tratam de salário do funcionalismo
PT recua e aceita negociar mudanças para servidores
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por entidades de
servidores públicos, o PT recuou
ontem e decidiu negociar mudanças nas medidas provisórias que
tratam de salários do funcionalismo. Antes, o PT havia decidido
aprovar as MPs sem considerar as
quase 560 emendas para evitar
aumento de custo em 2003 e garantir governabilidade ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva.
É a segunda vez que o PT muda
de posição nos últimos dez dias
na Câmara. Na semana passada, o
líder do partido na Casa, João
Paulo Cunha (SP), disse que o PT
poderia retirar da Constituição o
tabelamento de juros de 12% ao
ano para facilitar a regulamentação do sistema financeiro. Houve
reação de setores da bancada e o
partido optou por manter o dispositivo constitucional.
Responsável pela negociação
com os servidores, o deputado
Walter Pinheiro (PT-BA) afirmou
que, num primeiro momento, serão aceitas emendas que não representem aumento de custos.
"As medidas provisórias que tenham emendas cujo teor altere o
valor apresentado, vamos orientar o voto contrário, mas isso será
negociado com os servidores."
Segundo Pinheiro, pode haver
remanejamento de verba dentro
do orçamento de cada órgão para
atender às reivindicações dos servidores. A Folha apurou que o
partido irá pedir aos servidores
um voto de confiança para que
aumentos salariais acima do previsto fiquem para 2004.
"Todo mundo teve paciência
com Fernando Henrique [Cardoso] por oito anos. Para nós não
querem dar nem oito dias", disse
o deputado Paulo Paim (PT-RS).
Ontem, além da pressão de várias entidades de servidores públicos, os deputados petistas também reagiram à possibilidade de
simplificar a negociação das medidas provisórias com a rejeição
de todas as emendas. Pelo menos
a metade das emendas apresentadas às 11 MPs que tratam de servidores é de petistas. As emendas
aumentam os gastos públicos acima da previsão inicial e foram negociadas com as entidades.
A bancada do PT vive um dilema: ao mesmo tempo que precisa
de urgência para liberar a pauta
da Câmara para outros projetos
de interesse do futuro governo e
tenta conter uma explosão de gastos no primeiro ano de mandato
de Lula, o partido tem de cumprir
o acordo com os servidores. "Não
queremos uma decisão de cima
para baixo. As emendas estão sendo negociadas há pelo menos um
ano e meio", disse Aroldo de Melo, do Sindicado Nacional dos
Funcionários do Banco Central.
Das 13 MPs votadas na sessão de
ontem, seis tratam de carreiras de
servidores: da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), de procurador da Fazenda Nacional, da
Ceplac (Comissão Executiva do
Plano da Lavoura Cacaueira), do
Incra, de segurança de tráfego aéreo e do BNDES e da Finep (Financiadora e Estudos e Projetos).
A MP que obrigava os clubes esportivos profissionais a se transformar em empresas foi rejeitada.
As demais aprovadas e enviadas
ao Senado.
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