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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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Irmão de prefeito diz que esquema financiava o PT

DA REDAÇÃO

Em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado de São Paulo, o médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito Celso Daniel, morto em 2002, disse que o vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza e os empresários Sérgio Gomes da Silva e Ronan Maria Pinto extorquiam dinheiro de empresários para financiar campanhas eleitorais do PT.
Segundo ele, os recursos eram encaminhados a Gilberto Carvalho, então secretário de Governo de Santo André e hoje chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que os repassava ao então presidente do PT, José Dirceu, coordenador da campanha de Lula. João Francisco disse ter ouvido de Carvalho que ele entregou R$ 1,2 milhão da suposta propina a Dirceu.
Em entrevista à Folha, publicada em 21 de junho, João Francisco disse que inicialmente foi procurado por Ângelo Gabrilli, muito amigo de seu pai, para servir de elo com Klinger. Em meados de 2001, foi procurado por Rosângela Gabrilli: "Ela me procurou para pedir uma ajuda, para que eu servisse de elo entre ela e o secretário de Transportes, o Klinger". Ele então falou com Celso Daniel "sobre a possibilidade de Rosângela falar com alguém da secretaria".
Segundo João Francisco, após a morte do irmão, Carvalho e Belchior teriam falado com ele, talvez para desabafar. "Foi quando Gilberto chegou a me dizer que entregou R$ 1,2 milhão para o José Dirceu de uma vez só. A Prefeitura de Santo André era a maior arrecadadora do país para campanhas do PT". Questionado se tinha algum documento, ele negou: "Não, não tenho".

Outro lado
Carvalho e Belchior negaram as afirmações de João Francisco. Em nota divulgada em 20 de junho de 2002, os dois disseram que as acusações não correspondiam à verdade. Eles insinuaram que o que motivou o depoimento de João Francisco é o fato de ser ele "representante dos interesses" da Expresso Guarará, da família Gabrilli.
Segundo eles, João Francisco teria solicitado "mudança nas regras do contrato que a empresa mantém com a prefeitura", mas não foi atendido: "Essa medida não atendeu aos interesses da empresa e do sr. João Francisco, mas era a única atitude que a legalidade exigia".
Tanto Belchior como Carvalho insistem que João Francisco fazia lobby para a família Gabrilli, que denunciou o suposto esquema.
Dirceu também divulgou nota contestando as acusações: "O sr. João Francisco Daniel, testemunha referente, a quem cabe o ônus de provar a veracidade dos fatos, cita Miriam Belchior e Gilberto Carvalho, testemunhas referidas. Logo, cabe à Justiça ouvi-los para confirmar ou não a denúncia". Ele acrescentou que "as acusações são completamente absurdas e descabidas".


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