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ROLO TRIBUTÁRIO
Interesses de Estados e municípios foram acomodados por Antonio Palocci em acordo selado em reunião
Governo abre cofres para votar tributária
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após cerca de três meses de negociação, o governo abriu o cofre
e acomodou interesses de Estados
para tentar assegurar a aprovação, no Senado, das medidas de
interesse mais imediato da reforma tributária até 31 de dezembro.
Serão R$ 5 bilhões para Estados
e municípios, já em 2004, se a proposta for ratificada depois pela
Câmara, além da prorrogação da
chamada guerra fiscal até a promulgação, pela Câmara, da emenda constitucional da reforma.
Em troca, o governo federal poderá, por mais quatro anos, cobrar a alíquota de 0,38% da CPMF
e usar livremente 20% das receitas
dos principais tributos, por meio
da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Também ganhará a Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre os importados, com receita
adicional de R$ 4,4 bilhões.
O acordo para a votação da reforma foi selado ontem em reunião do ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) com os líderes
partidários e representantes da
oposição. O texto ainda será submetido às bancadas partidárias.
Se o entendimento for aprovado,
sobretudo por PSDB e PFL, a reforma poderá ser votada na próxima quarta pela Comissão de
Constituição e Justiça e na quinta
pelo plenário, em primeiro turno.
De imediato, se a reforma for
aprovada, Estados e municípios
asseguram um reforço de caixa de
cerca de R$ 2 bilhões anuais referentes a 25% da arrecadação da
Cide, contribuição cobrada sobre
a venda de combustíveis.
Também receberão até R$ 8,5
bilhões por ano como compensação pelo fim do ICMS sobre as exportações -esse fundo, hoje, não
chega aos R$ 6 bilhões anuais.
Não está claro, porém, qual será o
valor liberado no próximo ano.
Depois de resistir a pressões, Palocci concordou em liberar R$ 2
bilhões, a partir de 2004, para o
FDR (Fundo de Desenvolvimento
Regional). Desse total, 25% serão
destinados aos municípios, prioritariamente àqueles de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixos.
Outro R$ 1 bilhão vai para o caixa dos prefeitos, com a elevação
do FPM (Fundo de Participação
dos Municípios) a partir de 2004.
Em 2005 e 2006, a diferença em
relação ao repasse atual (cerca de
R$ 22 bilhões ao ano) subirá para
R$ 2 bilhões.
CPMF
O governo também aceitou uma
sugestão do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) segundo a qual a
cobrança da CPMF seria reduzida, a partir de 2005, sempre que as
condições macroeconômicas permitirem, até a alíquota de 0,08%,
quando o tributo assumiria função apenas fiscalizatória.
Palocci concordou ainda em antecipar para 2004 um dos itens da
reforma: o que trata da redução
das alíquotas cobradas sobre produtos da cesta básica de alimentos, uma proposta do PMDB. O
ministro, no entanto, afirmou: será preciso encontrar um mecanismo que compense os Estados que
perderão receita com a medida,
mas sem onerar a União.
Palocci elogiou os termos do
acordo. Disse que a proposta estabelece "equilíbrio entre os entes
federados, sem aumento de carga" -especialistas discordam da
segunda parte da afirmação.
A oposição ainda tem restrições. O PFL, por exemplo, discorda da cobrança da Cofins sobre
importados. Se um único partido
for contrário à redução dos prazos de tramitação, a votação neste
ano fica inviabilizada.
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