UOL

São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOME NA PRAÇA

Ministério ainda deve quase R$ 2 milhões

Prédio do Itamaraty tem energia cortada por falta de pagamento

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais 17 autoridades, entre elas o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cumpriam a agenda de viagem pelo Oriente Médio, o Itamaraty teve o fornecimento de energia elétrica cortado durante três horas, ontem pela manhã, por falta de pagamento.
O órgão só não ficou às escuras porque recorreu a geradores. Mas os equipamentos não foram suficientes para abastecer computadores, aparelhos de fax, telefones e elevadores, que, aos poucos, foram deixando de funcionar no prédio-sede, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Estatal ligada ao governo do Distrito Federal, comandado por Joaquim Roriz (PMDB), a CEB (Companhia Energética de Brasília) também chegou a enviar técnicos ontem pela manhã para suspender o fornecimento de luz da Polícia Federal, mas a direção do órgão conseguiu evitar o corte.
Com uma dívida de R$ 700 mil com a companhia, a PF se comprometeu a pagar pelo menos parte do valor na próxima semana. Há uma suplementação de orçamento aprovada de R$ 103 milhões, mas apenas uma pequena parte foi liberada pela União.
Já o Ministério das Relações Exteriores, que ainda não quitou com a CEB restos de dívidas referentes ainda a 2001, pagou ontem à empresa R$ 350 mil, quase toda a verba que a pasta tinha disponível para custeio.
O Itamaraty ainda deve R$ 1,43 milhão à empresa, referente a contas de janeiro a novembro deste ano, sem contar mais cerca de R$ 439 mil de dívidas do ano passado e outros R$ 5.350 relativos a 2001.

Rigor
Parte de uma política que a CEB está chamando de "mais rigorosa" na cobrança das dívidas, o corte no fornecimento de energia elétrica acabou por volta das 11h, depois de troca de "fax e gentilezas", segundo a assessoria de imprensa da companhia, que informou ainda que foi adotado com o Ministério das Relações Exteriores o mesmo procedimento aplicado a outros consumidores inadimplentes.
A empresa informou que desde fevereiro montou uma estrutura específica para negociar dívidas com os consumidores que não estão pagando, reduzindo o total em atraso. Pagam em dia, por exemplo, o Palácio do Planalto e o Ministério do Planejamento.
Por volta das 10h40, quando a Folha esteve no Itamaraty, as luzes estavam acesas, abastecidas pelos geradores, mas alguns computadores e aparelhos de fax não funcionavam.
A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que o trabalho não chegou a ser prejudicado porque muitos funcionários viajaram para o Oriente Médio, na comitiva do presidente Lula, e pelo episódio ter ocorrido no início do expediente.
Em outubro, o Itamaraty pediu R$ 800 milhões para acertar dívidas pendentes, mas o governo acenou com apenas R$ 196 milhões suplementares. Dos R$ 549 milhões previstos no Orçamento da pasta para 2003, R$ 65 milhões foram contingenciados.
Além da conta de luz, o Ministério das Relações Exteriores tem pendências com organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), que chegavam a R$ 560 milhões.
Isso sem contar os atrasos nos pagamentos de aluguel de postos e consulados no exterior, de diárias e de contratos de vigilância, telefone e água.


Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Governo petista: Dirceu defende a permanência de peemedebista como seu assessor
Próximo Texto: Panorâmica - Fome Zero: Frei Betto teme uso eleitoreiro de programa
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.