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NOME NA PRAÇA
Ministério ainda deve quase R$ 2 milhões
Prédio do Itamaraty tem energia cortada por falta de pagamento
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais 17 autoridades, entre elas o ministro das
Relações Exteriores, Celso Amorim, cumpriam a agenda de viagem pelo Oriente Médio, o Itamaraty teve o fornecimento de energia elétrica cortado durante três
horas, ontem pela manhã, por falta de pagamento.
O órgão só não ficou às escuras
porque recorreu a geradores. Mas
os equipamentos não foram suficientes para abastecer computadores, aparelhos de fax, telefones
e elevadores, que, aos poucos, foram deixando de funcionar no
prédio-sede, na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília.
Estatal ligada ao governo do
Distrito Federal, comandado por
Joaquim Roriz (PMDB), a CEB
(Companhia Energética de Brasília) também chegou a enviar técnicos ontem pela manhã para suspender o fornecimento de luz da
Polícia Federal, mas a direção do
órgão conseguiu evitar o corte.
Com uma dívida de R$ 700 mil
com a companhia, a PF se comprometeu a pagar pelo menos
parte do valor na próxima semana. Há uma suplementação de orçamento aprovada de R$ 103 milhões, mas apenas uma pequena
parte foi liberada pela União.
Já o Ministério das Relações Exteriores, que ainda não quitou
com a CEB restos de dívidas referentes ainda a 2001, pagou ontem
à empresa R$ 350 mil, quase toda
a verba que a pasta tinha disponível para custeio.
O Itamaraty ainda deve R$ 1,43
milhão à empresa, referente a
contas de janeiro a novembro
deste ano, sem contar mais cerca
de R$ 439 mil de dívidas do ano
passado e outros R$ 5.350 relativos a 2001.
Rigor
Parte de uma política que a CEB
está chamando de "mais rigorosa" na cobrança das dívidas, o
corte no fornecimento de energia
elétrica acabou por volta das 11h,
depois de troca de "fax e gentilezas", segundo a assessoria de imprensa da companhia, que informou ainda que foi adotado com o
Ministério das Relações Exteriores o mesmo procedimento aplicado a outros consumidores inadimplentes.
A empresa informou que desde
fevereiro montou uma estrutura
específica para negociar dívidas
com os consumidores que não estão pagando, reduzindo o total
em atraso. Pagam em dia, por
exemplo, o Palácio do Planalto e o
Ministério do Planejamento.
Por volta das 10h40, quando a
Folha esteve no Itamaraty, as luzes estavam acesas, abastecidas
pelos geradores, mas alguns computadores e aparelhos de fax não
funcionavam.
A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que o trabalho
não chegou a ser prejudicado porque muitos funcionários viajaram
para o Oriente Médio, na comitiva do presidente Lula, e pelo episódio ter ocorrido no início do expediente.
Em outubro, o Itamaraty pediu
R$ 800 milhões para acertar dívidas pendentes, mas o governo
acenou com apenas R$ 196 milhões suplementares. Dos R$ 549
milhões previstos no Orçamento
da pasta para 2003, R$ 65 milhões
foram contingenciados.
Além da conta de luz, o Ministério das Relações Exteriores tem
pendências com organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), que
chegavam a R$ 560 milhões.
Isso sem contar os atrasos nos
pagamentos de aluguel de postos
e consulados no exterior, de diárias e de contratos de vigilância,
telefone e água.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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