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Documentos de juiz estariam na casa da irmã
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A casa em que o juiz João Carlos
da Rocha Mattos teria escondido
caixas de documentos e um computador, cerca de cinco horas antes de ser preso no dia 7 de novembro, é onde mora a irmã dele,
Vera Cecília Vieira de Moraes.
É nessa mesma casa que vive o
filho mais velho de Rocha Mattos,
de 13 anos.
Relatório feito por um agente da
Polícia Federal, revelado ontem
pela Folha, afirma que o juiz federal teria escondido documentos
em um sobrado na rua Livreiro
Saraiva, no bairro do Pacaembu,
na zona oeste de São Paulo.
O juiz chegou à casa de sua irmã
por volta do meio-dia do dia 7 em
seu jipe Land Rover.
Cerca de meia hora depois, um
Gol azul estacionou à frente do
sobrado e descarregou caixas
com documentos e um microcomputador. Toda a movimentação foi fotografada pelo agente.
O Gol, segundo o relatório da
PF, era dirigido por José Guilherme Cavalheiro. Em gravações feita pela Operação Anaconda, a ex-mulher do juiz Norma Regina
Emílio Cunha diz que Cavalheiro
executava o "serviço sujo" para
Rocha Mattos.
Às 15h desse dia, a PF recebeu a
ordem de prisão de Rocha Mattos, decretada pela desembargadora Therezinha Cazerta. Às
17h40, o juiz foi preso no apartamento de sua ex-mulher, na praça
da República, na região central de
São Paulo. Lá, a PF havia encontrado anteriormente, no dia 30 de
outubro, US$ 550 mil em notas.
A irmã não é a única familiar do
juiz que foi rastreada pela Operação Anaconda. O Ministério Público Federal investiga uma sobrinha do juiz, Vera Cristina Vieira
de Moraes, delegada da PF.
Filha da moradora da casa onde
o juiz teria ocultado documentos,
a delegada, lotada na área fazendária, é suspeita de ter ajudado
uma empresa que teria mantido
negócios com o grupo acusado
pelo Ministério Público de venda
de sentenças judiciais e extorsão.
Outro lado
A Folha tentou entrevistar o dono do sobrado no Pacaembu sobre a suposta ocultação de documentos pelo juiz, mas o advogado
Carlos Augusto Vieira de Moraes
afirmou que ele e a sua mulher,
Vera Cecília, não tinham "nada a
declarar". A reportagem também
tentou falar com a delegada Vera
Cristina, na PF, mas a assessoria
de imprensa do órgão em São
Paulo informou que ela está de licença médica desde anteontem.
A Folha deixou mensagens no
celular de Cavalheiro, mas não
obteve resposta até a conclusão
desta edição. A mulher de Cavalheiro, que disse se chamar Inês,
informou que o marido é motorista do filho mais velho de Rocha
Mattos. Segundo ela, Cavalheiro
não está sabendo de nenhuma
acusação contra ele.
A Diretoria de Inteligência da
PF sugeriu que fosse solicitado
um mandado de busca e apreensão no sobrado do Pacaembu,
mas a Justiça não havia apreciado
a solicitação até ontem.
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