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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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Documentos de juiz estariam na casa da irmã

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A casa em que o juiz João Carlos da Rocha Mattos teria escondido caixas de documentos e um computador, cerca de cinco horas antes de ser preso no dia 7 de novembro, é onde mora a irmã dele, Vera Cecília Vieira de Moraes.
É nessa mesma casa que vive o filho mais velho de Rocha Mattos, de 13 anos.
Relatório feito por um agente da Polícia Federal, revelado ontem pela Folha, afirma que o juiz federal teria escondido documentos em um sobrado na rua Livreiro Saraiva, no bairro do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo.
O juiz chegou à casa de sua irmã por volta do meio-dia do dia 7 em seu jipe Land Rover.
Cerca de meia hora depois, um Gol azul estacionou à frente do sobrado e descarregou caixas com documentos e um microcomputador. Toda a movimentação foi fotografada pelo agente.
O Gol, segundo o relatório da PF, era dirigido por José Guilherme Cavalheiro. Em gravações feita pela Operação Anaconda, a ex-mulher do juiz Norma Regina Emílio Cunha diz que Cavalheiro executava o "serviço sujo" para Rocha Mattos.
Às 15h desse dia, a PF recebeu a ordem de prisão de Rocha Mattos, decretada pela desembargadora Therezinha Cazerta. Às 17h40, o juiz foi preso no apartamento de sua ex-mulher, na praça da República, na região central de São Paulo. Lá, a PF havia encontrado anteriormente, no dia 30 de outubro, US$ 550 mil em notas.
A irmã não é a única familiar do juiz que foi rastreada pela Operação Anaconda. O Ministério Público Federal investiga uma sobrinha do juiz, Vera Cristina Vieira de Moraes, delegada da PF.
Filha da moradora da casa onde o juiz teria ocultado documentos, a delegada, lotada na área fazendária, é suspeita de ter ajudado uma empresa que teria mantido negócios com o grupo acusado pelo Ministério Público de venda de sentenças judiciais e extorsão.

Outro lado
A Folha tentou entrevistar o dono do sobrado no Pacaembu sobre a suposta ocultação de documentos pelo juiz, mas o advogado Carlos Augusto Vieira de Moraes afirmou que ele e a sua mulher, Vera Cecília, não tinham "nada a declarar". A reportagem também tentou falar com a delegada Vera Cristina, na PF, mas a assessoria de imprensa do órgão em São Paulo informou que ela está de licença médica desde anteontem.
A Folha deixou mensagens no celular de Cavalheiro, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição. A mulher de Cavalheiro, que disse se chamar Inês, informou que o marido é motorista do filho mais velho de Rocha Mattos. Segundo ela, Cavalheiro não está sabendo de nenhuma acusação contra ele.
A Diretoria de Inteligência da PF sugeriu que fosse solicitado um mandado de busca e apreensão no sobrado do Pacaembu, mas a Justiça não havia apreciado a solicitação até ontem.


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