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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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QUESTÃO AGRÁRIA

Áreas assentarão sem-terra acampados

Governo de SP tentará na Justiça obter terras devolutas no Pontal

DA AGÊNCIA FOLHA

O governo de São Paulo anunciou ontem que tentará conseguir na Justiça o direito de ocupar antecipadamente partes de áreas consideradas devolutas e que estão em disputa judicial com fazendeiros na região do Pontal do Paranapanema. As áreas serão usadas para assentar provisoriamente parte dos sem-terra que estão acampados no Estado e que já foram cadastrados.
O secretário da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o Estado deve entrar com sete pedidos de tutela antecipada no Tribunal de Justiça de São Paulo para ocupar uma área total de 5.000 ha. As áreas seriam parte das terras cuja disputa o Estado já venceu em segunda instância, ou seja no TJ.
Como os fazendeiros recorrem às instâncias superiores, como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o STF (Supremo Tribunal Federal), caso o Estado perca, os sem-terra teriam que deixar as áreas.
Segundo Moraes, o Estado já venceu em 1ª e 2ª instância uma extensão total de 80 mil ha.

Encontro na capital
Ontem, o secretário de Justiça se reuniu em São Paulo com representantes de produtores rurais do Pontal do Paranapanema, principal foco de conflito no Estado, para discutir os termos do decreto que deverá ser editado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e que permite a regularização de áreas consideradas devolutas (que teriam sido griladas no passado), cuja área está acima de 500 ha. Segundo o secretário, o governo propôs aos fazendeiros a entrega de 40% ou 50% do valor da terra nua (sem benfeitorias).
Para o presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, o valor da terra nua equivale a um terço do valor total da terra com as benfeitorias construídas sobre ela. Segundo Garcia, os fazendeiros aceitariam entregar até 30% da terra nua para a regularização. Na próxima semana, haverá mais uma rodada de discussão.
Segundo o secretário, o Estado tem interesse em fazer acordo agora com os fazendeiros.
"[Alguém] pode dizer: se o Estado já ganhou em primeira e segunda instância, então espera. Mas a espera pode durar 10 ou 12 anos. Não sei se vale a pena esperar 10 ou 12 anos do que resolver em dois meses e já assentar as famílias", disse o secretário.
(SÍLVIA FREIRE)


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