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AJUSTE PETISTA
Em sintonia, os ministros também descartaram mudanças na política econômica, para a qual não haverá "mágica"
Palocci e Dirceu saem em defesa de Meirelles
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao descartar mudanças na política econômica do governo Lula,
o ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) disse ontem que não
haverá nem "vodu" nem "macumba" na economia. A seu lado,
o ministro José Dirceu (Casa Civil) avalizou as palavras do colega,
dizendo que não haverá mágicas.
Os dois, que travaram uma disputa nos últimos dias na definição
dos cortes no Orçamento, procuraram demonstrar sintonia em
relação à condução da política
econômica. Segundo Palocci, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e "diversos ministros" também
manifestaram apoio ao presidente do Banco Central, Henrique
Meirelles, na reunião ministerial
de ontem na Granja do Torto.
"O presidente Lula fez uma referência muito clara em relação à
sua confiança na atividade do presidente e de toda a equipe do Banco Central. Diversos ministros
também se manifestaram."
A defesa pública do BC veio exatamente no momento em que a
instituição é criticada por ter suspendido a redução dos juros básicos da economia no mês passado,
que ficaram em 16,5%.
Nesta semana, boatos de que
Meirelles estaria demissionário
causaram turbulências no mercado. "O presidente do Banco Central tem, como sempre teve, muito apoio do presidente Lula, do
conjunto do governo, do ministro
José Dirceu, de todos os ministros
do governo", disse Palocci. Sobre
se estaria sofrendo pressões de
ministros petistas para mudar a
política econômica, Palocci foi
bem claro ao afirmar que a hipótese está totalmente descartada.
"Eu temo que, se a atuação do
Banco Central não for correta,
produz uma inflação que impede
o crescimento do Brasil, como
nós já assistimos 300 vezes na
nossa história. O Brasil é um país
experiente em política econômica. Nós já fizemos tabela, tablita,
já fizemos ajuste, âncora, macumba, vodu. Tudo nós fizemos em
política econômica", disse ele.
Depois afirmou desconhecer a
existência de "ministros petistas
propondo mudanças na política
econômica".
O ministro Dirceu corroborou:
"O país pode crescer conforme
vai melhorando a situação fiscal, a
dívida pública. Isso não se resolve
num mês. Não adianta querer fazer mágica, as mágicas deram no
que o ministro Palocci descreveu
aqui: dá uma euforia, depois vem
a decepção, vem a desesperança.
Então o país tem que persistir no
caminho que começou".
Palocci reforçou também a idéia
de que o BC opera de forma autônoma. O ministro queria que o
projeto de lei que prevê a autonomia formal à instituição fosse enviado para o Congresso neste ano.
Mas o presidente Lula já deu várias indicações de que isso não
ocorrerá em 2004.
"Vocês sabem que eu não gosto
de ficar comentando política monetária, porque nós tratamos o
Banco Central com plena autonomia. Mas não vou deixar aqui de
fazer uma referência especial ao
trabalho competente da instituição", disse Palocci.
(LEONARDO SOUZA, EDUARDO SCOLESE, GABRIELA ATHIAS)
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