São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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AJUSTE PETISTA

Em sintonia, os ministros também descartaram mudanças na política econômica, para a qual não haverá "mágica"

Palocci e Dirceu saem em defesa de Meirelles

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao descartar mudanças na política econômica do governo Lula, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse ontem que não haverá nem "vodu" nem "macumba" na economia. A seu lado, o ministro José Dirceu (Casa Civil) avalizou as palavras do colega, dizendo que não haverá mágicas.
Os dois, que travaram uma disputa nos últimos dias na definição dos cortes no Orçamento, procuraram demonstrar sintonia em relação à condução da política econômica. Segundo Palocci, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e "diversos ministros" também manifestaram apoio ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na reunião ministerial de ontem na Granja do Torto.
"O presidente Lula fez uma referência muito clara em relação à sua confiança na atividade do presidente e de toda a equipe do Banco Central. Diversos ministros também se manifestaram."
A defesa pública do BC veio exatamente no momento em que a instituição é criticada por ter suspendido a redução dos juros básicos da economia no mês passado, que ficaram em 16,5%.
Nesta semana, boatos de que Meirelles estaria demissionário causaram turbulências no mercado. "O presidente do Banco Central tem, como sempre teve, muito apoio do presidente Lula, do conjunto do governo, do ministro José Dirceu, de todos os ministros do governo", disse Palocci. Sobre se estaria sofrendo pressões de ministros petistas para mudar a política econômica, Palocci foi bem claro ao afirmar que a hipótese está totalmente descartada.
"Eu temo que, se a atuação do Banco Central não for correta, produz uma inflação que impede o crescimento do Brasil, como nós já assistimos 300 vezes na nossa história. O Brasil é um país experiente em política econômica. Nós já fizemos tabela, tablita, já fizemos ajuste, âncora, macumba, vodu. Tudo nós fizemos em política econômica", disse ele.
Depois afirmou desconhecer a existência de "ministros petistas propondo mudanças na política econômica".
O ministro Dirceu corroborou: "O país pode crescer conforme vai melhorando a situação fiscal, a dívida pública. Isso não se resolve num mês. Não adianta querer fazer mágica, as mágicas deram no que o ministro Palocci descreveu aqui: dá uma euforia, depois vem a decepção, vem a desesperança. Então o país tem que persistir no caminho que começou".
Palocci reforçou também a idéia de que o BC opera de forma autônoma. O ministro queria que o projeto de lei que prevê a autonomia formal à instituição fosse enviado para o Congresso neste ano. Mas o presidente Lula já deu várias indicações de que isso não ocorrerá em 2004.
"Vocês sabem que eu não gosto de ficar comentando política monetária, porque nós tratamos o Banco Central com plena autonomia. Mas não vou deixar aqui de fazer uma referência especial ao trabalho competente da instituição", disse Palocci.
(LEONARDO SOUZA, EDUARDO SCOLESE, GABRIELA ATHIAS)


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