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CORTE CONGESTIONADA
Ministros "são pagos para julgar", diz dona de vira-lata sacrificada
STF discute até morte de cadela
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O STF (Supremo Tribunal Federal), a mais alta corte brasileira, vai discutir neste semestre a
morte da cadela Pretinha. O caso, um dos 7.000 distribuídos na
quarta-feira entre dez membros
da corte, será relatado pelo ministro Marco Aurélio de Mello.
A dona de Pretinha, a agente
de investimentos Marta Heloísa
Baltazar de Almeida, que não
revela a idade "nem sob tortura", pede R$ 50 mil de indenização por danos morais pela perda da cachorra, capturada em 11
de abril de 1997 pela carrocinha
da Prefeitura de Belo Horizonte
e sacrificada antes do prazo de
dois dias, previsto em lei.
Para provar que Pretinha tinha dona, Almeida anexou fotos da cadela e depoimentos de
veterinários ao processo, mas
perdeu a causa na Justiça estadual, apesar dos pareceres favoráveis do Ministério Público.
"Não me parece [...] que um
animal que permanece na rua,
no meio de outros cães vadios,
faminto, possa ser considerado
um animal de estimação", diz a
sentença do juiz Elias Camilo
Sobrinho, proferida em 1999.
Na avaliação de Almeida, Pretinha foi vítima de preconceito.
Revelado ontem pela Folha na
coluna Mônica Bergamo, o caso
é um dos seis recursos propostos ao STF por Almeida. Os outros cinco recursos (três deles já
negados) foram movidos contra
o condomínio e um morador do
prédio em que morava. São pedidos de suspensão de cobrança, indenização por violação de
correspondência e agressão.
Segundo Almeida, levar suas
causas ao STF não atrapalha o
julgamento de questões de interesse nacional: "Não vai tomar
tempo. Eles [ministros] são pagos para julgar". Ela nega estar
patrocinando causas menores:
"A Constituição me garante o
direito de ir até as últimas conseqüências. Eu pago impostos,
quero ver meu direito reconhecido". E completa: "Quem luta
por seus direitos no Brasil é considerado encrenqueiro".
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