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CASO SANTO ANDRÉ
Advogado de Sérgio Gomes da Silva diz que depoimento contradiz as versões das outras testemunhas
Nova testemunha contesta empresário
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova testemunha do Ministério Público que diz ter presenciado o momento do seqüestro do
prefeito de Santo André, Celso
Daniel (PT), contradiz o depoimento do empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado pelo crime,
e de outros homens presos pelo
assassinato do petista.
Indicada durante depoimento
do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso pela Operação
Anaconda, o nome da testemunha está em segredo de Justiça.
Por celular, a Folha conversou
ontem com ela, que disse estar
com medo e pediu para não ser
identificada. Ela se recusou a falar
sobre o crime.
A Folha apurou que, em seu depoimento, a testemunha disse ter
visto um homem com um celular
na mão ao lado de uma Pajero parada no meio da rua Antonio Bezerra (zona sul de São Paulo), por
volta das 23h. Ela estava no caminho inverso ao do prefeito.
Ao se aproximar, disse ter visto
um "homem grisalho tombado"
no banco da frente do carro e vários homens armados próximos
da Pajero. Ela não parou seu carro
e, para passar pela rua, precisou
que um dos homens armados,
que estavam perto do homem
com celular nas mãos, desse um
passo para frente.
Apenas no dia seguinte, a testemunha disse ter tomado conhecimento do seqüestro do prefeito.
Ao ver a foto de Daniel, afirmou,
reconheceu o "homem grisalho"
como sendo Daniel e Gomes da
Silva como o homem do celular.
A cena narrada pela testemunha
contradiz a versão apresentada
por Gomes da Silva e por outros
presos acusados do seqüestro e da
morte de Celso Daniel.
Segundo o empresário, no momento em que a Pajero parou, homens armados arrancaram Daniel do carro. Gomes da Silva ainda estava no banco do motorista
quando viu o prefeito ser levado
pelos criminosos. Teve tempo para pegar um revólver, que estava
em uma pasta atrás do banco, e,
ao descer do carro, Daniel já havia
sido levado.
Os presos da favela Pantanal,
que já apresentaram várias versões nos últimos dois anos, afirmaram que Daniel foi o primeiro
a sair do carro -uns dizem que
foi forçado, outros que saiu para
tentar dialogar.
Outras testemunhas ouvidas no
caso não viram Daniel ou os criminosos. Disseram que viram
Gomes da Silva, fora da Pajero,
com uma arma em punho e extremamente nervoso. Alguns contaram que ele chorava muito e pedia ajuda aos moradores.
Procurado pela Folha, Roberto
Podval, advogado de Gomes da
Silva, afirmou que não iria comentar um depoimento judicialmente sigiloso. De uma forma genérica, afirmou que a versão da
nova testemunha contradiz todas
as demais testemunhas já apresentadas pelo Ministério Público.
"Não digo que a testemunha
mentiu, ela não teria motivo para
isso, mas cada testemunha contou uma versão sob o seu prisma e
todas essas versões são diferentes,
inclusive a do Sérgio, que estava
sob uma rajada de metralhadora", afirmou Podval.
O promotor Roberto Wider Filho não quis falar sobre a nova
testemunha. "Expor uma testemunha que está assustada, cuja
identidade é mantida em sigilo judicial, é um absurdo", afirmou.
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