São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Em recuperação

No enunciado do britânico "Financial Times", "Lula recupera apoio popular. Do argentino "La Nación", "Lula recupera sua popularidade".
Da agência americana Associated Press, "Recuperação de Lula nas pesquisas". Da francesa France Presse, "Lula recuperou a popularidade que tinha antes da crise política".
E por aí foi o petista, em recuperação pelo mundo, às vésperas de nova viagem.

 

Mas é o Brasil que interessa -aqui onde as manchetes a partir do sábado, dos telejornais aos portais de internet, foram em linha semelhante, para a pesquisa do Datafolha.
E ontem elas chegaram afinal ao passo seguinte, por exemplo, no Globo Online, com o enunciado sobre a negociação do posto de candidato a vice de Lula com o PMDB.
Daí para os blogs, como no caso de Fernando Rodrigues no UOL -com o governador paranaense Roberto Requião em ataque aberto às pré-candidaturas peemedebistas.
Por fim, no blog de Josias de Souza na Folha Online, o acordo com o PTB. Aquele mesmo.

BUÉ DE BOCAS
Blogs petistas como o Bué de Bocas não se cansaram de cobrar nos últimos dias, do "andar de cima" na mídia, a divulgação da lista de Furnas. Mas o fato é que os sites e blogs do "andar de cima" já deram os links -e nem era necessário, na verdade: qualquer pesquisa no Google apresenta dezenas de endereços com a lista completa, aberta para quem quiser.
O que houve, por fim, foi que Fernando Henrique, em coluna e entrevistas, entrou em campo. Como sublinhou o blog do Josias, para começar, "não foi dirigida a FHC nenhuma pergunta acerca da "lista de Furnas'" durante a entrevista à "IstoÉ". Ele provocou à vontade os petistas, que ontem o ameaçavam com processo -e assim a lista sumiu da cobertura, até mesmo do Bué de Bocas e seus blogs companheiros.

Wikipedia/Reprodução
Uma das charges com Jesus Cristo -caindo no buraco- recusadas pelo jornal "Jyllands-Postern", antes de publicar aquelas sobre o profeta Muhammad

ENTRE A CRUZ E O CRESCENTE
Crescem as manifestações, amontoam-se os mortos -e avança o metajornalismo, por todo lado, na discussão sobre divulgar ou não as charges sobre o profeta Muhammad, que saíram num jornal da Dinamarca e iniciaram o confronto.
Até o dinamarquês "Jyllands-Postern" já lamentou ter feito a primeira publicação. Na França, o "France Soir" republicou e em seguida voltou atrás, de forma humilhante. Na Grã-Bretanha, os jornais evitam, em bloco -e ganham elogios do primeiro-ministro. Nos Estados Unidos, fora o "Philadelphia Enquirer", os principais jornais vêm evitando e nem a agência Associated Press quer distribuir as imagens.
Em tal ambiente, o que mais se viu e ouviu, nos últimos dias, foi defesa da liberdade de expressão.
 

Até que ontem veio a novidade. Como anunciou um ofendido William Bonner no "Jornal Nacional", um jornal iraniano lançou um concurso para charges que questionem o holocausto. E uma charge com Hitler na cama com Anne Frank já corre a internet.
Para piorar, o jornal dinamarquês "Politiken", o norueguês "Dagbladet" e por fim o britânico "Guardian" noticiaram que o mesmo "Jyllands-Postern", que publicou as charges sobre Muhammad, havia se negado a publicar outras, sobre Jesus Cristo. E na mensagem enviada para explicar a recusa ao chargista, o editor do "Jyllands-Postern" argumentou:
- Não acho que nossos leitores vão gostar dos desenhos. De fato, acredito que eles provocariam um clamor. Portanto, não vou usá-los.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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