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Ministro leva mulher, babá e filha a hotel e paga com cartão
Orlando Silva diz que valor de hospedagem de quatro dias no Rio foi o mesmo caso tivesse ficado sozinho; pasta do Esporte faz retificação em agenda oficial
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Orlando Silva
(Esporte) usou o cartão corporativo do governo para pagar
diárias em um hotel quatro estrelas em Copacabana, no Rio,
onde esteve hospedado na
companhia da mulher, da filha
e de uma babá da criança.
Silva, que admitiu que o cartão em seu nome pagou a despesa, alegou que o valor seria o
mesmo caso ele estivesse se
hospedado sozinho. "Todos, inclusive a babá, se acomodaram
no mesmo apartamento que o
ministro se hospedaria", diz
nota do ministério.
À Folha, uma funcionária do
hotel afirmou que o ministro
costuma se hospedar no local,
com ou sem a família. Contou
ainda que o próprio Ministério
do Esporte, encarregado por
fazer a reserva, comunica em
um "papel timbrado" se é para
instalar um berço no quarto. A
reserva teria sido feita por uma
servidora da pasta, hoje responsável pela agenda de Silva.
O ministro ficou hospedado
com a família e a babá no Plaza
Copacabana Hotel entre os
dias 14 e 18 de dezembro -de
sexta a terça. Sua agenda na internet informa que ele teria
compromisso apenas na segunda, dia 17. A assessoria, contudo, enviou outra agenda, por
e-mail, em que o ministro não
teria tido compromisso oficial
apenas no sábado.
"Para reduzir custos, o ministro optou por não fazer deslocamentos para não onerar
mais o Tesouro", respondeu a
assessoria do ministério.
O valor da hospedagem no
período, segundo extrato do
cartão, disponível no Portal da
Transparência (www.portaltransparencia.gov.br), foi de
R$ 2.791. O hotel informou à
reportagem que, só de diárias,
o ministro do Esporte pagou
R$ 1.228,92. Mas a quantia não
incluía, segundo a funcionária,
a despesa com outras "janelas",
como alimentação e frigobar.
A Folha não conseguiu confirmar o total, pois a gerência
disse que tais dados só podem
ser passados ao próprio Silva. O
hotel não informou se o ministro recebeu desconto. Os valores, como diz o atendimento do
próprio Plaza Copacabana, são
diferentes para os quartos simples, duplo ou triplo.
Em valores atuais -o preço
foi reajustado na virada de
2007 para 2008-, a diária no
"standard" -quarto em que o
ministro teria ficado-, incluindo as taxas (de 15%), é de
R$ 291,06 para um quarto simples -já descontado o valor ao
qual ele tem direito, já que o
hotel possui convênio com o
governo federal. Num duplo, o
valor vai para R$ 332,24, enquanto em um quarto triplo o
hotel afirma acrescentar 25%
sobre essa quantia -portanto,
R$ 415,30. No ano passado, a
diária de um quarto simples
era de R$ 240, enquanto do duplo era cobrado R$ 266.
O Plaza integra a Windsor,
rede hoteleira na qual um de
seus hotéis, na Barra, foi escolhido o oficial dos jogos Pan-Americanos, evento ligado ao
ministério de Silva.
Desde maio de 2006, quando
passou a usar o cartão corporativo, Silva gastou, até dezembro
do ano passado, R$ 34.378,37.
Desse total, quase 50% (ou
R$ 16.436,91) foram gastos em
hotéis da rede Windsor. No sábado, ele declarou que devolverá à União quase R$ 31 mil gastos com o cartão, mas afirmou
que vai pedir o ressarcimento
caso a CGU (Controladoria Geral da União, que o investiga)
não encontre irregularidades.
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