FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O presidente da CPI dos Precatórios, senador Bernardo Cabral (PFL-AM), solicitou à Polícia Federal um controle de ``embarque para o exterior'' de 36 pessoas supostamente envolvidas no escândalo dos títulos públicos.
A PF aceitou o pedido de Cabral, segundo a Folha apurou. O pedido é apenas uma formalidade. A CPI tem poder para requisitar os serviços da PF.
Entre os 36 listados está o ex-coordenador da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo Wagner Baptista Ramos, considerado pela CPI um dos cérebros do esquema que desviou dinheiro nas operações com títulos públicos.
Os donos da corretora Perfil, a empresa que contratou Wagner Ramos, também terão suas saídas do país vigiadas. A lista completa com os 36 nomes está no final desta reportagem.
Endereçado ao diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti, e com data de anteontem, o pedido de Bernardo Cabral contém quatro itens.
Quando pede o controle das viagens ao exterior, Cabral solicita ``pesquisa nos controles de passaporte e embarque para o exterior''.
Isso significa que as 36 pessoas listadas continuam podendo se locomover livremente. Mas a CPI será avisada imediatamente quando alguma delas tentar tirar um passaporte ou sair do país.

Controle
Se for o caso, a CPI poderá tentar uma medida judicial para impedir a saída de algum dos envolvidos. Isso pode ser conseguido mesmo quando a pessoa já está no aeroporto, prestes a embarcar.
Os outros três pedidos de Cabral à PF se referem ao seguinte:
1) atuação da Divisão de Crime Organizado e Inquéritos Especiais (DCOI/CCP) nas análises e cruzamentos de informações coletadas a partir da quebra do sigilo telefônico dos envolvidos;
2) pesquisa nos bancos de dados do serviço de informações da PF, e em outros existentes, de ocorrências ou registros em nome das 36 pessoas listadas;
3) pesquisa nos arquivos de inquéritos em andamento e já concluídos sobre qualquer grau de envolvimento das 36 pessoas.

Mais uma conta externa
Depois das duas contas bancárias no exterior já conhecidas e reveladas por Wagner Baptista Ramos, a CPI divulgou ontem uma nova conta que pode ter recebido dinheiro da máfia dos precatórios.
Trata-se da conta número 126.863, no Banco Audi, em Nova York. A conta seria de Rubens Cenci da Silva, que até agosto de 95 figurava como diretor-gerente da empresa Perfil.
A CPI encontrou essa informação em documentação apreendida pelo Banco Central na Perfil.
Num bilhete manuscrito, Cenci orientava Rafael e Victoria a fazer o seguinte: ``Por favor, cerrar mi cuenta nş 606.897.941 e transferir p/ banco Audi NY-NY c/c 126.863 att. Eloisa''.
A CPI não sabe quem são Rafael e Victoria nem a razão pela qual Cenci escreveu parte de sua mensagem em espanhol.

Negativa
Durante interrogatório, anteontem, os donos da Perfil, Gerson Martins e Luiz Calabria, foram inquiridos sobre essa suposta conta de Rubens Cenci. Disseram que não tinham conhecimento.
Com o número da conta bancária, a comissão pretende solicitar o bloqueio às autoridades financeiras dos Estados Unidos.
Isso pode ser incluído no pedido que será feito a respeito das contas de Wagner Ramos.