DO ENVIADO ESPECIAL AO PANAMÁ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda no Panamá, poucas horas antes de seu retorno antecipado ao Brasil em função do rompimento do PFL com o governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o fax enviado a ele sobre a busca e apreensão de documentos na Lunus é algo que "está mal explicado".
A empresa Lunus é de propriedade da governadora Roseana Sarney (PFL-MA) -pré-candidata ao Planalto e pivô da crise na base aliada- e de seu marido, Jorge Murad.
"Eu pedi a informação", disse FHC, explicando que apenas cumpria uma solicitação feita por telefone pelo senador licenciado Jorge Bornhausen (PFL-SC) e pela governadora.
"O que eu recebi foi o mandado de busca e apreensão [que fundamentou a ação da Polícia Federal"", disse o presidente.
"Aliás, se [a Polícia Federal" tivesse [me" dado o relatório também seria bom, porque eu queria acompanhar para saber se havia alguma coisa não-legal. [Mas" o que eu recebi e transmiti imediatamente ao senador Bornhausen, li para ele pelo telefone, na sexta-feira, foi o fundamento legal da ação da polícia, porque eu não poderia aceitar que a polícia agisse por conta própria", disse FHC.
"Eu não sou parte dessa discussão. Essa discussão é uma discussão política, de partidos. O que me interessa é que o governo agiu levado pelo entendimento da Justiça e dentro da lei", reforçou o presidente.
Segundo FHC, a reação de Roseana Sarney à ação da Polícia Federal foi influenciada pelo "calor da hora".

Mandado
A Polícia Federal afirmou ontem, por meio de nota oficial, que o presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu por fax apenas uma cópia do mandado de busca e apreensão que sustentou a operação na empresa Lunus, em São Luís -e não um relatório com detalhes sobre a operação.
À tarde, o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral) desistiu de divulgar o fax que foi recebido na Presidência na sexta passada, alegando sigilo judicial. No final da tarde, a PF enviou à imprensa uma cópia do mandado original.
Segundo a PF, todo mandado de busca e apreensão é sigiloso, mas o sigilo acaba ao término da operação. O mandado não cita a presidenciável e governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), nem seu marido e gerente de Planejamento do Estado, Jorge Murad, sócios da Lunus.
(WLADIMIR GRAMACHO, LEILA SUWWAN e SANDRO LIMA)


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