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JANIO DE FREITAS
Dia de respostas
O presidente Fernando
Henrique Cardoso interrompeu sua visita ao Panamá e
voltou às pressas por causa de
uma "tempestade em copo d'água".
Ao formular tal definição das
reações pefelistas ao problema
com a candidata-governadora
Roseana Sarney, o presidente
também "não via razão para
tanta trepidação", exercendo
em dose dupla a percepção política que, em seguida, se surpreende com o óbvio.
A esperança governamental
está depositada em uma única
fórmula, produzida na infinitude de conversas que, entre pefelistas-pacifistas e entre estes e os
demais governistas, em vão procuraram melhores saídas para o
estado agudo da crise.
A fórmula consiste na exoneração "espontânea" de todo o
ministério. Assim seria dada ao
PFL indignado a desejada exclusão pefelista do ministério,
sem, no entanto, haver o gesto
reprobatório da retirada.
Alguns problemas se apresentaram com a fórmula. Um deles
é que a exoneração coletiva incluiria, além do controlável
PSDB, o incerto PMDB, cujo ministro Ney Suassuna, por exemplo, abandonou sua candidatura ao governo da Paraíba para
ficar no ministério até o final do
mandato de Fernando Henrique.
Outro problema é que a exoneração levaria à nomeação de
novo ministério. Se o PFL quiser
incluir-se, a exoneração coletiva
deixa de ser o que pretende e se
mostrar como farsa. Caso o PFL
recuse a inclusão, estará caracterizado o gesto reprobatório
que os governistas tanto desejam evitar.
Por fim, há o problema Roseana Sarney e sua candidatura. A
exoneração coletiva não parece
capaz de satisfazer sua exigência de atitudes firmes do PFL,
sem as quais -é sua advertência- deixará o partido sem
candidato em sua primeira
oportunidade real de aspirar à
Presidência. E, nessa possível recusa à fórmula, Roseana contaria, por certo, com fortes apoios
nas bancadas pefelistas da Câmara e do Senado.
O encontro do presidente do
PFL, Jorge Bornhausen, com senador José Sarney emitiu poucas informações sobre a conversa. Uma, porém, evidenciou
mais do que o noticiado adiamento, de ontem para a próxima terça, do discurso prometido
pelo ex-presidente. Esse adiamento tem um sentido político,
logo, Sarney o aceitou em razão
de alguma proposta ouvida de
Bornhausen ou por este aceita.
É possível que hoje se tenha a
resposta.
Hoje, aliás, promete ser um
dia de respostas. E talvez se chegue ao impensável durante tantos anos -ver o PFL tomar a
atitude de se afastar completamente do poder governamental.
Mais ainda, fazê-lo em nome de
sua dignidade.
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