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DIPLOMACIA
Imprensa anuncia visita do presidente com elogios
Jornais britânicos destacam "volta por cima" de Lula após "mensalão"
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Que informação instantânea,
que nada: só agora parece ter chegado ao Reino Unido ou, ao menos, a seus principais jornais a notícia de que "the boy from Brazil is
back", como "The Independent"
anuncia a visita do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ao país,
que começa oficialmente hoje.
O "menino do Brasil está de volta" porque, segundo o jornal britânico, "sobreviveu a um escândalo de corrupção e a circunstâncias econômicas austeras para
surfar alto nas pesquisas".
"The Independent", no noticiário e em editorial, derrama-se em
elogios ao presidente, tônica geral
também em outras publicações.
"The Times" também dedica
editorial a Lula, com todos os elogios que um jornal de direita faz a
presidentes supostamente de esquerda mas que adotam políticas
de rígida ortodoxia conservadora.
Como é óbvio, o jornal faz todas
as críticas a presidentes de esquerda (no caso, Hugo Chávez, da
Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia) que continuam de esquerda,
tal como se deveria esperar nos
regimes democráticos: quem ganha faz a política que prometeu,
não o inverso.
Para o "Financial Times", Lula
desfruta de uma "reviravolta de
sua sorte", após o "mensalão",
que sugere "intervenção divina".
Potência
As pesquisas que trouxeram de
volta o "boy from Brazil" são pré-Carnaval. Pouco depois delas saiu
a notícia do anêmico crescimento
econômico, mas os jornais britânicos ainda estão tratando o Brasil como futura potência mundial.
"The Independent" acredita no
jogo de búzios da Goldman Sachs,
que criou a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) para designar
os países que serão potências
mundiais lá por 2050.
Já "The Guardian" prefere apostar em outra pajelança, a da PricewaterhouseCoopers, que retoma
o tema do Bric. Pena que o gráfico
que acompanha o texto não mostra exatamente que o "Brazil", assim como Lula, "is back".
Ao contrário: mostra que o PIB
(Produto Interno Bruto) dos
EUA, tomando-o como 100 em
2005, continuará 100 em 2050. O
do Brasil, ao contrário, passa dos
13 de hoje para o dobro (25) em
2050. Beleza pura? Não, porque o
da Índia sobe de 30 para 100 no
mesmo período, e o da China explode de 76 para 143, passando a
ser o maior do mundo.
O cálculo leva em conta a chamada Paridade do Poder de Compra, ou seja, a riqueza local adaptada para os preços locais.
"The Times" também chega
com atraso em seu editorial à realidade latino-americana. Com defasagem de 20 anos, elogia o fato
de a região ter deixado de ser "a
região de generais autocráticos".
Pena que quando um deles, Ernesto Geisel, esteve em Londres,
30 anos atrás, recebeu exatamente
o mesmo tratamento que receberá a partir de hoje "o Senhor da
Silva", como Lula é tratado por
"The Times".
Páginas adiante do editorial, o
jornal chama Lula, no título, de
"lame duck" (pato manco, expressão do jargão político anglo-saxão para designar políticos já
no ocaso ou sem poder). Só no
texto se fica sabendo que Lula
"parecia um pato manco por meses", mas agora "seu famoso bom
humor está de novo em forma".
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