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Oposição propõe salário de R$ 275
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de conseguir
criar uma comissão mista para
discutir a medida provisória do
salário mínimo, os dois principais
partidos de oposição, PSDB e
PFL, definiram ontem as emendas à MP que apresentarão no
plenário da Câmara: mínimo de
R$ 275 e abono para compensar a
entrada em vigor do reajuste em
1º de maio e não em 1º de abril.
A estratégia é levar o governo a
sofrer o desgaste de ter que bancar a derrubada das emendas e
manter o valor enviado na MP, de
R$ 260. Devido a acordo fechado
entre governistas e oposição, as
duas emendas terão votação nominal, ou seja, será feito o registro
dos votos pró e contra.
O acordo foi feito em virtude de
o governo não ter conseguido, só
com o apoio de sua base aliada,
destrancar a pauta de votações na
Câmara, emperrada por medidas
provisórias não votadas no prazo
previsto. MPs, normalmente, são
aprovadas simbolicamente (sem
registro nominal dos votos).
De acordo com os dois partidos,
o mínimo de R$ 275 representaria
um gasto adicional de R$ 2,15 bilhões que seria coberto, basicamente, com as receitas atípicas,
ou seja, dívidas que a União tem
direito a receber, mas não tem garantia de quando irá receber.
Estudos apresentados por PFL e
PSDB afirmam que a Receita Federal está subestimando a arrecadação decorrente das receitas atípicas, que seriam de pelo menos
R$ 600 milhões por mês.
Ontem foi o último prazo para o
recebimento de emendas à MP.
Até o final da tarde, mais de 80
emendas foram apresentadas, e
pelo menos três de integrantes do
PT: uma, do senador Paulo Paim
(RS), defende um mínimo de R$
303, outra, da deputada Doutora
Clair (PR), quer R$ 280; a última,
da tendência Articulação de Esquerda, prega R$ 295.
O PT reuniu sua bancada durante mais de três horas e decidiu
que vai tentar novamente dialogar com o governo para tentar
criar uma brecha que permita um
mínimo maior. De acordo com o
deputado Arlindo Chinaglia (SP),
líder da bancada, o partido chegou à seguinte conclusão: que a
bancada é solidária com o valor
proposto pelo Planalto, mas quer
ter a certeza de que não será desautorizada ou desprestigiada caso uma negociação no Senado ou
com a oposição, por exemplo, resulte em um valor maior.
"Não podemos ser caudatários
de PFL e PSDB em uma bandeira
que sempre foi a nossa", afirmou
o deputado Chico Alencar (RJ).
Confrontado com o fato de que
integrantes do PT propunham
um mínimo de até R$ 295, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), foi irônico. "Nesse
caso, o PMDB é mais progressista,
propôs R$ 300", disse.
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