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RACHA NA BASE
João Paulo havia dito que Lula era a favor
Presidente afirma que reeleição no Congresso não é assunto do governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem, em reunião
com os presidentes de partidos da
base aliada do governo, que não
vai se intrometer na tramitação
do projeto que permite a reeleição
dos presidentes do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP).
"Não é problema nosso. Já chega os problemas que tenho, não
sou nem sim, nem não. É assunto
das bancadas e do Congresso. O
governo não vai se intrometer",
afirmou Lula, segundo relato de
presidentes de partidos, depois da
reunião. O ministro Aldo Rebelo
(Coordenação Política) disse a
mesma coisa no Planalto.
"Quem falou que me apóia foi o
presidente", reagiu João Paulo,
que no fim de semana havia afirmado que Lula dissera a ele que
gostaria da continuidade nas presidências de Senado e Câmara.
"Não estamos discutindo nomes, a discussão é sobre o instituto da reeleição. Não estou brigando para ser o próximo presidente,
é que eu acho justo isso [a reeleição]", afirmou João Paulo.
Segundo presentes ao encontro,
Lula procurou deixar bem claro
que não tomará posição na questão da emenda que permite a reeleição nas Mesas do Congresso.
A afirmação do presidente é boa
para o líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), que cobrou a isenção do Planalto, e ruim
para Sarney e João Paulo.
Os dois trabalham nos bastidores para aprovar a emenda. João
Paulo acredita que tem maioria
para aprovar o projeto na Câmara, apesar de Renan ter conseguido uma decisão da Executiva do
PMDB contrária à emenda.
Cálculos
Se a emenda for aprovada na
Câmara, Sarney acha que tem
condições de aprová-la no Senado, embora Renan seja francamente majoritário na bancada do
PMDB. Nos cálculos de Sarney, ao
menos sete dos 23 peemedebistas
já o apoiariam. Ele trabalha ainda
pela adesão de PSDB e PFL.
Sarney conta, no Senado, com
uma rede de apoios que transcende o PMDB. Mas vai precisar de
49 votos para assegurar a aprovação da emenda, o que não é fácil
diante da resistência de Renan.
O deputado Michel Temer, presidente da sigla, e o ex-governador Orestes Quércia sondaram
Sarney e Renan para ver se era
possível uma reconciliação. Recuaram e vão esperar "a poeira assentar" para nova tentativa.
"O presidente declarou que o
governo não vai se envolver na
questão da reeleição, que ele não
vai se intrometer. A emenda é
uma questão para ser resolvida
exclusivamente pelo Congresso",
afirmou o presidente do PC do B,
Renato Rabelo. "Nessa hora, alguém brincou e disse que seria
bom os ministros também não se
intrometerem", contou o presidente do PPS, Roberto Freire.
O apoio de Lula tem sido disputado pelos dois lados nas últimas
semanas como fator decisivo para
a aprovação ou não da emenda.
Após a declaração de João Paulo
de que o presidente simpatizaria
com sua reeleição e a de Sarney,
Renan disse ter recebido telefonema do ministro da Coordenação
Política desmentindo isso.
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