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RETÓRICA OFICIAL
Ministro Antonio Palocci diz que novo governo teve de tomar "medidas duras" na economia em 2003
PT vai à TV para justificar medidas de Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um tom defensivo, o PT
usou o seu programa na TV ontem, em horário nobre, para tentar justificar medidas tomadas pelo governo, como o aumento de
R$ 20 do salário mínimo, e neutralizar as críticas à condução da
política econômica feitas por adversários e até petistas.
Em cerca de 20 minutos, o vídeo
do partido, cujo discurso parecia
tentar responder a expectativas
frustradas de eleitores petistas, repetiu seis vezes que o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou há "apenas um ano,
quatro meses e seis dias".
Os dois principais ministros do
partido foram para o ar: José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci
Filho (Fazenda), petista que mais
tempo ficou no vídeo, justificando "medidas duras de saneamento da economia tomadas pelo governo no início do ano passado".
O programa comparou, em várias áreas, o governo atual com o
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Em
alguns dos setores usados como
exemplos, o vídeo não mencionou que eram oito anos contra
pouco mais de 15 meses.
"No governo Fernando Henrique, a gasolina subiu 288%. No
governo Lula, baixou 5,09%", dizia um locutor do filme. O mesmo
caso foi usado com o botijão de
gás de cozinha, "que no governo
Fernando Henrique subiu 420%
contra 2,2% no governo Lula".
O Ministério de Minas e Energia
confirmou que os dados usados
para a gestão FHC são referentes
aos seus oito anos de mandato.
Coube a Palocci apresentar a
justificativa para o aumento real
de 1,21% do salário mínimo. "O
presidente queria esgotar todas as
possibilidades para ver se era possível, já agora, um aumento melhor. Mas veja: para cada R$ 10 de
aumento no mínimo, são R$ 2 bilhões a mais nas contas do governo. Significaria estourar o orçamento da Previdência", disse o
ministro da Fazenda. Segundo
Palocci, o emprego tem crescido
"a taxas bastante elevadas" fora
das áreas metropolitanas do país.
Em sua fala, Dirceu afirmou que
"poucos governos trabalharam
como esse [trabalha]", mas que o
PT recebeu o país "numa situação
muito ruim, muito ruim mesmo".
"Não é justo que cobrem todas as
dívidas, compromissos e soluções
de um governo que tem apenas
um ano, quatro meses e seis dias."
Um apresentador do programa
culpou a oposição pelas críticas,
"algumas justas, razoáveis, e outras absolutamente sem sentido":
"Para adversários do governo, a
cobrança já começou, afinal este é
um ano eleitoral. Aí, infelizmente,
o vale tudo começa, atrapalhando
muito o nosso país". O presidente
do PT, José Genoino, endossou o
discurso: "A disputa eleitoral será
dura e tensa. Temos que arregaçar
as mangas e trabalhar com muita
garra e entusiasmo".
O PSDB divulgou nota, na noite
de ontem, questionando a peça
publicitária de Duda Mendonça:
"O governo Lula mantém-se preso ao passado, continua conduzindo o país olhando pelo espelho
retrovisor, sem oferecer direção,
agenda ou projetos para a população".
(JULIA DUAILIBI)
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