São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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RETÓRICA OFICIAL

Ministro Antonio Palocci diz que novo governo teve de tomar "medidas duras" na economia em 2003

PT vai à TV para justificar medidas de Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

Em um tom defensivo, o PT usou o seu programa na TV ontem, em horário nobre, para tentar justificar medidas tomadas pelo governo, como o aumento de R$ 20 do salário mínimo, e neutralizar as críticas à condução da política econômica feitas por adversários e até petistas.
Em cerca de 20 minutos, o vídeo do partido, cujo discurso parecia tentar responder a expectativas frustradas de eleitores petistas, repetiu seis vezes que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou há "apenas um ano, quatro meses e seis dias".
Os dois principais ministros do partido foram para o ar: José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda), petista que mais tempo ficou no vídeo, justificando "medidas duras de saneamento da economia tomadas pelo governo no início do ano passado".
O programa comparou, em várias áreas, o governo atual com o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Em alguns dos setores usados como exemplos, o vídeo não mencionou que eram oito anos contra pouco mais de 15 meses.
"No governo Fernando Henrique, a gasolina subiu 288%. No governo Lula, baixou 5,09%", dizia um locutor do filme. O mesmo caso foi usado com o botijão de gás de cozinha, "que no governo Fernando Henrique subiu 420% contra 2,2% no governo Lula".
O Ministério de Minas e Energia confirmou que os dados usados para a gestão FHC são referentes aos seus oito anos de mandato.
Coube a Palocci apresentar a justificativa para o aumento real de 1,21% do salário mínimo. "O presidente queria esgotar todas as possibilidades para ver se era possível, já agora, um aumento melhor. Mas veja: para cada R$ 10 de aumento no mínimo, são R$ 2 bilhões a mais nas contas do governo. Significaria estourar o orçamento da Previdência", disse o ministro da Fazenda. Segundo Palocci, o emprego tem crescido "a taxas bastante elevadas" fora das áreas metropolitanas do país.
Em sua fala, Dirceu afirmou que "poucos governos trabalharam como esse [trabalha]", mas que o PT recebeu o país "numa situação muito ruim, muito ruim mesmo". "Não é justo que cobrem todas as dívidas, compromissos e soluções de um governo que tem apenas um ano, quatro meses e seis dias."
Um apresentador do programa culpou a oposição pelas críticas, "algumas justas, razoáveis, e outras absolutamente sem sentido": "Para adversários do governo, a cobrança já começou, afinal este é um ano eleitoral. Aí, infelizmente, o vale tudo começa, atrapalhando muito o nosso país". O presidente do PT, José Genoino, endossou o discurso: "A disputa eleitoral será dura e tensa. Temos que arregaçar as mangas e trabalhar com muita garra e entusiasmo".
O PSDB divulgou nota, na noite de ontem, questionando a peça publicitária de Duda Mendonça: "O governo Lula mantém-se preso ao passado, continua conduzindo o país olhando pelo espelho retrovisor, sem oferecer direção, agenda ou projetos para a população". (JULIA DUAILIBI)


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