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QUEDA-DE-BRAÇO
Declaração foi resposta à promessa do ministro da Casa Civil de aumentar tom das críticas dirigidas ao PSDB
Dirceu age como líder estudantil, diz Tasso
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma das principais lideranças
do PSDB e opositor moderado do
governo Lula, o senador Tasso Jereissati (CE) disse ontem à Folha
que o ministro José Dirceu (Casa
Civil) faz "política com o fígado" e
que isso "é prejudicial ao governo
e principalmente ao país".
"Um homem de governo, de Estado, não pode fazer política com
o fígado. Por definição, deve ser
um pacificador, um conciliador, e
não alguém que estimule conflitos e atraia atritos para o governo", afirmou Tasso, ao comentar
as recentes declarações de Dirceu
de que aumentaria o tom das críticas aos tucanos.
"O ministro José Dirceu está
confundindo as coisas. Ele não é
mais um líder estudantil. Um homem de Estado tem de deixar o fígado em segundo plano."
Em jantar com intelectuais na
semana passada, Dirceu disse:
"Vamos mostrar tudo de errado
que eles [tucanos] fizeram [no governo FHC, de 1995 a 2002]". No
encontro, o ministro da Casa Civil
disse que, "aos poucos", aumentaria o tom crítico em relação ao
PSDB. O ministro atribui a tucanos parte da ampla repercussão
do caso Waldomiro Diniz.
O caso Waldomiro gerou a pior
crise do governo Lula. Ex-homem-forte de Dirceu, Waldomiro
apareceu em vídeo pedindo propina a um empresário de jogos.
Na época da gravação (2002), ele
ainda não estava no governo federal, mas ocupava a subchefia de
Assuntos Parlamentares do Planalto quando o vídeo foi revelado.
Procurado pela Folha, o ministro Dirceu não respondeu às críticas até a conclusão desta edição.
Tucano que ajudou o governo a
aprovar reformas constitucionais
em 2003, Tasso afirmou que é um
erro Dirceu, pelo "alto posto que
ocupa", abandonar o diálogo com
a oposição, posição que ele vê nas
recentes declarações do ministro.
Os ataques de Dirceu ao PSDB
reaproximaram os moderados do
partido da ala que defende críticas
mais duras à gestão Lula. Na visão
de Tasso, Dirceu estimula isso ao
elencar os tucanos como inimigos
prioritários do governo e do PT
nas eleições municipais.
Mínimo e bingos
Nesse contexto, Tasso, que preside a comissão especial mista do
Congresso que analisará a medida
provisória do salário mínimo de
R$ 260, afirmou que vai trabalhar
por um novo aumento para o mínimo. O aumento real foi de 1,2%
-o mínimo era de R$ 240.
"O governo tinha a obrigação de
vir a público e pedir desculpas.
Fazer uma mea-culpa em relação
ao governo Fernando Henrique
Cardoso por ter dado um aumento tão pequeno", declarou.
Segundo Tasso, é legítimo que a
oposição cobre a incoerência do
PT. "Até por uma questão de credibilidade dos políticos. É muito
ruim defender uma coisa o tempo
todo e depois mudar de posição.
Por isso, não faremos nenhuma
proposta irresponsável, mas
achamos que há espaço para chegar a R$ 275", disse.
Indagado se descartava manter
o salário mínimo em R$ 260, o valor fixado por Lula com o argumento de que era o possível do
ponto de vista de impacto negativo nas contas públicas, Tasso respondeu: "Não descarto. Mas a
tendência é aumentarmos".
A respeito da votação de anteontem na qual o governo saiu
derrotado ao tentar aprovar a MP
que proibia os bingos no país,
Tasso fez um comentário irônico:
"Com os discursos do pessoal do
próprio governo, seria impossível
o presidente Lula aprovar a medida provisória".
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