São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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TODA MÍDIA

NELSON DE SÁ

ORGULHO NACIONAL

Marlene Bergamo/Reprodução


Até Jô Soares resolveu destacar a Embraer, com entrevista esta semana. Ele se alinha a muitos outros. Há pouco a revista "Business Week" deu longa reportagem sobre a empresa, que abria assim:
- Os jatos estão alinhados sob o sol tropical, todos com tinta nova. São os primeiros Embraer 170 [abaixo, o avião ao sair para o primeiro vôo] a entrar em serviço comercial. A nova classe de aviões é um grande hit entre as companhias aéreas.
O "Valor" veio na seqüência, destacando a contratação de mil novos empregados pela Embraer para montar "a nova família de jatos 170/190, de 70 a 115 lugares, que alavanca as vendas da companhia".
Ontem era o "Wall Street Journal" que falava das empresas aéreas dos novos membros da União Européia e destacava que a polonesa Lot está se tornando "mais ambiciosa" e abrindo o terreno como "a primeira do mundo a voar o novo avião da Embraer". Da Polônia para a Índia, onde os sites de economia falam de um possível negócio com a local Jet Airways. E para a Austrália, onde o jornal "The Australian" dizia o mesmo da Qantas e descrevia o jato brasileiro em tom exaltado, sob o título "os loucos por aeronaves amam este brasileiro":
- É o avião mais quente do mundo. Não é difícil ver por que a família Embraer 170/190 está passando por cima de tudo. O avião é um verdadeiro "hot rod".
 
O problema agora seria a concorrência crescente. A filipina Cebu Pacific Air estaria em dúvida, segundo um site econômico local, entre a Embraer e um novo modelo similar, da Boeing. A exemplo da Boeing, a européia Airbus também cortou a capacidade de seus aviões menores para enfrentar a Embraer.
O mercado médio e barato descoberto pela Embraer animou a indústria aeronáutica por toda parte. A russa Sukhoi e a canadense Bombardier estão desenvolvendo projetos, segundo a agência Reuters.

Lobby 1
Franklin Martins, na Globo, descrevendo a derrubada da proibição dos bingos:
- Primeiro, é claro, o lobby dos bingos. Foi fortíssimo, dos que removem as montanhas. Segundo, o vale-tudo. No PSDB, está valendo qualquer coisa para criar problemas.

Perde e ganha
Da manchete de "O Estado de S.Paulo", em letras grandes:
- Lula perde.
Da manchete de "O Globo":
- Lobby do jogo vence.

Sem festa
"O curioso é que a oposição não quis comemorar", notou a Globo. Arthur Virgílio, desde a votação, se esforça para dizer que não apóia bingos.
Na Jovem Pan, embarcou na tese conspiratória de que a oposição só ganhou porque o governo quis. Mas não colou. Depois ele lançou até projeto novo contra o bingo, feito em "menos de 24 horas", apontou o Jornal Nacional.

Equívoco
O JN cobrou a "oposição" pela liberação dos bingos já na manchete. E ouviu do tucano Antero Paes de Barros:
- A sociedade perdeu e o jogo venceu. Foi um profundo equívoco de quem votou.

Ficha
Ratinho, no SBT, mostrou uma a uma as fotos dos que votaram contra a proibição.

Lobby 2
Alexandre Garcia, na Globo, falou de outro lobby:
- Como se não bastasse o bingo, a bancada ruralista vem impedindo a votação da emenda que expropria terras com trabalho escravo.

Negociações
O "Valor" vem publicando manchetes seguidas sobre as negociações entre Mercosul e a União Européia -que teria ampliado sua proposta para US$ 2,9 bilhões por ano, no "potencial de aumento das compras agrícolas".
Já a "Forbes" deu que "os cinco grandes da Organização Mundial do Comércio", Brasil entre eles, têm reunião daqui a uma semana. O tema é um só: subsídios agrícolas.

Fechar o país
FHC definitivamente não gosta da concorrência do chanceler Celso Amorim. "O Estado de S.Paulo" destacou seu ataque à política externa, que estaria "imaginando que é possível fechar o país". FHC defendeu a Alca.

Vocação agrícola
O líder do MST João Pedro Stedile abriu fogo contra FHC no "El País". Em resposta às críticas de fazendeiros, de que os sem-terra vêm das cidades, não do campo, disse:
- FHC nunca viu campo de milho, comprou 1.500 hectares e ninguém saiu dizendo que ele não tinha vocação agrícola.

Petróleo
Em meio à sombra de nova crise no petróleo, ontem, o "Valor" noticiou que no Brasil "o refino de petróleo recorde em abril reduziu em 80% as importações de diesel".
E o "Financial Times" foi além. Antes mesmo da cifra de ontem, avaliou que "cresce a esperança de auto-suficiência em petróleo em dois anos".

Coro inglês
Já a "Economist" entrou no coro dos que criticam o país pela burocracia e tributação sobre as empresas.

DUDA E O PT

O programa do PT, de meia hora, em realidade durou poucos segundos. No final, entrou um clipe que mostra por que o marqueteiro Duda Mendonça perde tempo (não dinheiro) com a política. É criativo demais para gastar quase tudo no esforço de tornar Antonio Palocci agradável à câmera ou esconder o rancor de José Dirceu.
No clipe, um jovem alpinista a caráter levanta os braços ao céu -e a câmera, que estava em seu rosto, sobe até as nuvens para revelar um vale e, diante dele, a bandeira do Brasil. Ao fundo, a música levada por percussão, em cadência de Carnaval baiano, repetia várias vezes o verso "pátria amada Brasil".
Até ali, o programa foi um desfiar de números para mostrar que em apenas "um ano, quatro meses e seis dias", expressão usada à exaustão, Lula fez mais do que todo o governo anterior. Estatísticas sem fim, expostas da melhor forma que o marqueteiro conseguiu, e faces de pouco apelo buscavam falar à razão do espectador.
Duda Mendonça sabe como ninguém que a TV não é o meio para atingir a razão, sobretudo com argumentos de defesa, de justificativa -quase de desculpas, mesmo.


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