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Valério diz que não mais
trabalhará com político
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
LEILA SWANN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio às dezenas de negativas que apresentou na CPI dos
Correios, Marcos Valério fez duas
promessas: a de não trabalhar
mais com políticos e a de abandonar a vida de publicitário depois
de resolver na Justiça o "imbróglio" em que está metido. O depoimento que começou às 10h
terminou às 23h10.
"Tenho consciência de que, no
final das contas, o relacionamento
que eu tive de forma transparente,
mas que virou um lamaçal colocado na imprensa, não valeu a pena. Eu sou um homem hoje que
não posso sair na rua, não posso ir
na escola dos meus filhos."
"Quem tem de julgar é Deus. E
quem tem de dizer se eu sou culpado será a Justiça. Deus dá a cruz
de acordo com o tamanho das
costas, de acordo com o que cada
um consegue carregar. Deus está
me provando", acrescentou, em
resposta ao deputado Magno
Malta (PL-ES), que perguntou se
ele se sentia injustiçado.
Valério disse que as denúncias
que pesam contra ele já trazem
prejuízo a seus negócios, com a
perda de clientes da iniciativa privada, que representam 80% do faturamento da SMPB e 50% da
DNA. "Depois que resolver esse
imbróglio na Justiça, deixarei de
ser publicitário e de ter essas empresas", declarou o empresário.
Mesmo sob pressão dos parlamentares, Valério manteve a calma e abusou de "nunca" e "não".
Declarou-se disposto a colaborar
e repetiu, quando dizia não saber
as respostas de imediato, que enviaria os documentos à CPI.
O empresário negou rumores
de que estaria prestes a ir para
Portugal e afirmou que entregaria
seu passaporte à CPI, o que inviabiliza sua saída do país.
Também se dispôs a se submeter a um detector de mentiras,
desde que o mesmo procedimento seja aplicado a Roberto Jefferson, que o acusa de ser um dos
operadores do "mensalão". "Aí
vamos ver de quem é a mala."
No início da noite, o anúncio de
que o deputado Geraldo Thadeu
(PPS-MG) daria um depoimento
secreto sobre suas relações com
Valério acabou provocando tumulto na Câmara. Quando ele entrou no plenário, Thadeu foi cercado por colegas, que pensavam
que ele iria denunciar quem recebia o "mensalão".
Thadeu acabou voltando à CPI
e antecipou as "revelações" que
havia prometido para hoje: afirmou que foi procurado por Valério em 1999 quando era prefeito
de Poços de Caldas (MG) e que o
empresário se ofereceu para arrecadar recursos para sua eventual
campanha de reeleição. A proposta acabou não se concretizando, já
que o então prefeito desistiu de se
candidatar.
SMPB e DNA
Além disso, Marcos Valério falou sobre duas principais empresas de Valério não estão registradas em seu nome, e sim de sua
mulher Renilda. Ele afirmou que
passou as agências SMPB e DNA
para o nome dela porque estava
enfrentando uma disputa judicial
com seu ex-sócio e depois não reverteu a situação. "Minha esposa
achou que eu poderia me separar
dela, por isso deixei no nome dela.
Não tem nada de ilícito", disse ele,
provocando risos na platéia.
CORREIOS
Valério negou também que tenha obtido facilidades para ganhar licitação nos Correios e afirmou que não é possível superfaturar contratos na estatal devio ao
controle existente na própria empresa e no TCU (Tribunal de Contas da União). "Proponho que
suspendam os meu contrato por
uma semana e vasculhem", desafiou ele.
OPPORTUNITY
O publicitário afirmou que intermediou um encontro entre
Carlos Rodemburg, sócio de Daniel Dantas no banco Opportunity, com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Valério presta serviço para a Telemig Celular, do grupo de Dantas. "A imagem do grupo com o PT era muito ruim e o
Rodemburg queria fazer uma explicação sobre o grupo para o PT,
não para o governo", disse ele,
ressaltando que o encontro não
deve ter sido bem-sucedido porque o Opportunity está sendo
destituído do controle da Telemig
Celular, Brasil Telecom e Amazônia Celular.
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