UOL

São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente comemora vitória com cautela e diz que avaliará partidos

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião interna de avaliação da aprovação do texto básico da reforma previdenciária em primeiro turno na Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um discurso de comemoração cautelosa -se declarou "contente, mas atento".
O presidente mandou um recado político por meio do ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral): o comportamento dos partidos nas votações será avaliado.
Além disso, o governo defendeu as concessões feitas pelo governo de última hora anteontem à noite, que foram considerados entendimentos "necessários e possíveis" para preservar a essência do projeto. Até a semana passada, Lula sustentava que alterações no relatório do deputado José Pimentel (PT-CE) poderiam descaracterizar a essência de "sustentabilidade" e "justiça".
"Ele [Lula] está contente, mas atento às próximas etapas e vai continuar liderando pessoalmente esse processo de articulação", disse Luiz Dulci, após reunião ontem no Palácio da Alvorada.
Lula passou a manhã na residência, alheio à manifestação de servidores na Esplanada, a cinco quilômetros de distância. Mais tarde, o presidente tomou conhecimento dos incidentes e soltou nota, por meio de seu porta-voz.
"Vamos analisar concretamente os comportamentos. Cada partido tem seu procedimento", completou o secretário-geral da Presidência sobre a votação de ontem na Câmara.

Radicais
Dulci não quis comentar a dissidência dos radicais do PT nem o posicionamento do PL, partido aliado -e do vice-presidente José Alencar (PL-MG)- que ameaçava votar contra o governo na questão do subteto do Judiciário estadual. "No caso do PT, cabe à direção nacional do partido analisar, com base no estatuto, não ao governo", declarou.
Questionado sobre as dificuldades com o PL, Dulci desconversou: "Isso é uma questão de cada partido. Os líderes se comportaram muito bem".
Além dos ministros do chamado núcleo político do governo -José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) e Luiz Dulci- estava presente na reunião o ministro Guido Mantega (Planejamento).
De acordo com Dulci, o grupo não tratou da liberação de verbas de emendas parlamentares -contrapartida exigida por aliados na votação da reforma. Parte da reunião, segundo ele, foi dedicada à discussão do Orçamento de 2004, que deve ser enviado ao Congresso até o final do mês.
"Não estamos discutindo essa questão. As emendas parlamentares que foram aprovadas regularmente no processo de debate do Orçamento do ano passado, o governo está sempre discutindo a possibilidade (de liberação), se são de interesse público e são legais. Não há nenhuma discussão hoje específica sobre emendas", afirmou o secretário-geral.

"Vitória do país"
"O governo fez as mediações e os entendimentos que achou necessários e possíveis para que o essencial da reforma, que é o aspecto da sustentabilidade e da justiça, fosse garantido. É claro que pode ser que nem todos fiquem 100% satisfeitos, mas os interesses da maioria da população estão preservados", disse Dulci.
Apesar de reforçar o discurso de que a aprovação da reforma na Câmara é uma vitória do país, não do governo ou do PT, Dulci acabou criticando o governo Fernando Henrique Cardoso.
"O governo está fazendo em seis meses, no que diz respeito à reforma da Previdência -e fará também com a tributária-, aquilo que o governo anterior não conseguiu em oito anos", declarou o secretário-geral da Presidência.


Texto Anterior: Reforma sob pressão: Lula faz mais concessões para aprovar destaques da reforma
Próximo Texto: Oposição compensou defecções dos aliados
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.