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Presidente comemora vitória com cautela e diz que avaliará partidos
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião interna de avaliação
da aprovação do texto básico da
reforma previdenciária em primeiro turno na Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
adotou um discurso de comemoração cautelosa -se declarou
"contente, mas atento".
O presidente mandou um recado político por meio do ministro
Luiz Dulci (Secretaria Geral): o
comportamento dos partidos nas
votações será avaliado.
Além disso, o governo defendeu
as concessões feitas pelo governo
de última hora anteontem à noite,
que foram considerados entendimentos "necessários e possíveis"
para preservar a essência do projeto. Até a semana passada, Lula
sustentava que alterações no relatório do deputado José Pimentel
(PT-CE) poderiam descaracterizar a essência de "sustentabilidade" e "justiça".
"Ele [Lula] está contente, mas
atento às próximas etapas e vai
continuar liderando pessoalmente esse processo de articulação",
disse Luiz Dulci, após reunião ontem no Palácio da Alvorada.
Lula passou a manhã na residência, alheio à manifestação de
servidores na Esplanada, a cinco
quilômetros de distância. Mais
tarde, o presidente tomou conhecimento dos incidentes e soltou
nota, por meio de seu porta-voz.
"Vamos analisar concretamente os comportamentos. Cada partido tem seu procedimento",
completou o secretário-geral da
Presidência sobre a votação de
ontem na Câmara.
Radicais
Dulci não quis comentar a dissidência dos radicais do PT nem o
posicionamento do PL, partido
aliado -e do vice-presidente José
Alencar (PL-MG)- que ameaçava votar contra o governo na
questão do subteto do Judiciário
estadual. "No caso do PT, cabe à
direção nacional do partido analisar, com base no estatuto, não ao
governo", declarou.
Questionado sobre as dificuldades com o PL, Dulci desconversou: "Isso é uma questão de cada
partido. Os líderes se comportaram muito bem".
Além dos ministros do chamado núcleo político do governo
-José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo
e Gestão Estratégica) e Luiz Dulci- estava presente na reunião o
ministro Guido Mantega (Planejamento).
De acordo com Dulci, o grupo
não tratou da liberação de verbas
de emendas parlamentares
-contrapartida exigida por aliados na votação da reforma. Parte
da reunião, segundo ele, foi dedicada à discussão do Orçamento
de 2004, que deve ser enviado ao
Congresso até o final do mês.
"Não estamos discutindo essa
questão. As emendas parlamentares que foram aprovadas regularmente no processo de debate do
Orçamento do ano passado, o governo está sempre discutindo a
possibilidade (de liberação), se
são de interesse público e são legais. Não há nenhuma discussão
hoje específica sobre emendas",
afirmou o secretário-geral.
"Vitória do país"
"O governo fez as mediações e
os entendimentos que achou necessários e possíveis para que o
essencial da reforma, que é o aspecto da sustentabilidade e da justiça, fosse garantido. É claro que
pode ser que nem todos fiquem
100% satisfeitos, mas os interesses
da maioria da população estão
preservados", disse Dulci.
Apesar de reforçar o discurso de
que a aprovação da reforma na
Câmara é uma vitória do país, não
do governo ou do PT, Dulci acabou criticando o governo Fernando Henrique Cardoso.
"O governo está fazendo em seis
meses, no que diz respeito à reforma da Previdência -e fará também com a tributária-, aquilo
que o governo anterior não conseguiu em oito anos", declarou o
secretário-geral da Presidência.
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