São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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Para petistas, Lula deve evitar apelo populista

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os últimos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram alvo de crítica na reunião de sexta-feira do Campo Majoritário, corrente que controla o PT. Segundo participantes da reunião, o tom adotado na semana passada foi encarado com ressalvas até mesmo pelo assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.
Em sua intervenção, Marco Aurélio teria alertado para os riscos de um discurso dedicado às classes baixas. Segundo o presidente do PT do Paraná, André Vargas, Marco Aurélio comparou a linha à praticada pelo vizinho venezuelano Hugo Chávez e disse que ainda que haja "aspectos positivos" no chavismo, não se pode "queimar pontes" com setores da sociedade.
Descrevendo um momento de nervos à flor da pele, a senadora Ideli Salvatti (SC) também afirma que "não é hora de acirramento". "Está tudo como fio desencapado. Temos que restabelecer o equilíbrio e clarear as coisas", disse ela, que integra a CPI dos Correios.
Na reunião, o deputado Paulo Delgado (MG) também criticou a postura de Lula, enquanto o presidente do PT, Tarso Genro, repetia, dentro e fora da reunião, que a melhor resposta à crise é buscar "uma saída política" para ela, não apenas enumerar as benesses do governo. "Nós não nos comunicamos com os pacientes da crise, os movimentos sociais e a população brasileira."
Ainda segundo participantes da reunião, alguns integrantes do Campo Majoritário se queixaram do afastamento de Lula do PT. Única pessoa capaz de reatar os canais entre a sociedade e o partido, Lula estaria isolando a crise no PT, segundo reclamação de alguns participantes. Para um deles, o presidente reforça o "lulismo" e se afasta do petismo.


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