FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA

A eleição para o governo do Espírito Santo foi decidida ontem, já no primeiro turno, com a vitória do senador Paulo Hartung (PSB), 45. As pesquisas eleitorais já mostravam essa tendência. Para o Senado foram eleitos Magno Malta (PL) e Gerson Camata (PMDB).
O destaque das eleições, no entanto, foi a reeleição do polêmico deputado estadual José Carlos Gratz (PFL), atual presidente da Assembléia Legislativa. Citado no relatório final da CPI do Narcotráfico, Gratz é um dos principais alvos de uma missão especial do governo federal para combater o crime organizado.
O grupo, que pautou o debate eleitoral deste ano, foi convocado após o arquivamento de pedido de intervenção federal feito pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), alegando infiltração da criminalidade organizada nos poderes estaduais.
Pela primeira vez as eleições para a Assembléia Legislativa do ES tiveram mais destaque do que a disputa ao governo. Ontem pela manhã, até na missa da paróquia de Santa Rita de Cássia, em Vitória, foi pregada a renovação da Casa. Atualmente, Gratz controla 28 dos 30 votos da Assembléia.
Tanto Hartung quanto Max Mauro (PTB), 65, mais bem colocados nas pesquisas, fizeram campanhas de oposição à atual presidência da Casa e ao atual governador, José Ignácio Ferreira (sem partido). A atual administração foi marcada por escândalos que resultaram em um pedido de impeachment contra Ignácio.
Gratz já adiantou que o futuro governador enfrentará problemas no Legislativo. "Mesmo que eu não faça maioria, nosso grupo volta para a Assembléia, e ele (governador) será meu adversário."
Apesar de confiante em sua eleição para a presidência da Casa, Gratz disse que será ainda pior para o governador se ele não tiver sucesso nesse pleito. "No plenário não preciso obedecer regimentos nem fazer acordos. Na presidência tenho que agir rigorosamente dentro da lei. Já lá embaixo posso utilizar artifícios. Com quatro deputados, por exemplo, paro um mês a votação de uma matéria."
O candidato do PSB foi o que conseguiu reunir o maior número de aliados a seu nome. Um de seus principais apoiadores é o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), que controla o diretório tucano na cidade e tem peso no partido no Estado.
Para Hartung, é melhor para o Estado a eleição se resolver no primeiro turno porque não dá margem para negociações com o grupo governista. "A banda podre da política capixaba está isolada. Com a decisão no primeiro turno não há negociação com esse grupo ligado ao atual governo e à Presidência da Assembléia."
Hartung creditou sua vantagem à forma que Max Mauro conduziu o final da campanha, acusando-o de ser o candidato do crime organizado: "Ele tentou me difamar, mas perdeu o equilíbrio".
A campanha de Max Mauro foi feita em cima de sua passagem pelo governo (87-91). "Meu adversário [Hartung] é o candidato do crime organizado. Ele queria se aliar ao grupo governista."


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