São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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ALAGOAS

Ronaldo Lessa deve ser reeleito no 1º turno

Em clima de desânimo, Collor fala no Planalto

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

Na sua tentativa de "ressuscitar" na política dez anos após ser afastado por impeachment da Presidência da República, Fernando Collor de Mello (PRTB) vivia na madrugada de hoje, à 2h30, uma situação crítica com sua candidatura ao governo de Alagoas.
Com 95% dos votos apurados, o governador Ronaldo Lessa (PSB), 53, atingia 52,5% dos votos válidos -se mantivesse essa margem, se reelegeria no primeiro turno. Collor, 52, tinha 40,9%.
A contagem das regiões do Estado em que Collor esperava ter melhor desempenho chegou ao fim. A apuração termina hoje. Os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Teo Vilela (PSDB) se reelegeram.
Quando Collor chegou para votar numa escola de Maceió, às 8h17, em vez da euforia com que os eleitores o saudaram em 1986 (pleito em que se elegeu governador) e 1989 (presidente), foi recebido com a mais eloquente indiferença. Afora os cabos eleitorais que o esperavam, nem sequer uma pessoa foi cumprimentá-lo.
Em seguida à votação, os fotógrafos pediram-lhe que fizesse o "v" da vitória. Collor negou-se. E ergueu os dois polegares.
Disse que votou em Ciro Gomes (PPS). Chamou de "absurda" a pesquisa do Ibope divulgada na véspera que dava 14 pontos de vantagem a Lessa.
Afirmou que sua força vem do "povo, do povão, a chamada poeira de ouro". Ironizou o antagonista de 1989 ao se dizer mais experiente: "Se até o Lula mudou, por que qualquer um de nós não haveria de mudar?"
Indagado sobre planos de retorno ao Planalto, respondeu: "Desejo voltar a ser candidato a presidente da República em algum momento depois de 2006".
Collor pareceu abatido, deprimido. Falou baixo. Disse que sairia dali para visitar seções eleitorais na capital e no interior. Quinze minutos depois, a Folha descobriu-o em sua casa. Mais tarde, ele foi de helicóptero para outras cidades, sem circular por Maceió.
Uma das menos de 20 pessoas que acompanharam Collor foi seu filho mais velho, Arnon de Mello, 26, candidato a deputado federal -provavelmente não será eleito.
A mãe de Arnon, Lilibeth Monteiro de Carvalho, transferiu o título para Maceió, a fim de votar no filho. Ela mora no Rio.
A chegada de Ronaldo Lessa para votar em outra escola, às 10h07, foi o contraste da de Collor. Dezenas de pessoas o abordaram -uma para pedir transporte para a mãe, doente, viajar a São Paulo. Foi beijado e abraçado.
"É o dia mais feliz da minha vida", disse o governador, projetando sua reeleição já na primeira volta. "Collor disse que espera segundo turno? Só se for em Miami", brincou, em referência à localidade dos EUA onde o ex-presidente morou nos últimos anos.
Seu balanço político: "Sobre Alagoas, que tem uma concentração de renda brutal, onde o povo foi excluído das escolas, onde a elite foi perversa, eu só tenho uma coisa a dizer: brava gente alagoana. Não é à toa que Zumbi ficou aqui. A vitória é não só de Alagoas, mas do Brasil".
Voltou a qualificar Collor de "mentiroso compulsivo". Sobre o projeto do adversário de ser de novo presidente: "É alucinação.


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